O Papai Noel de cada um — Maurício de Sousa


Eu devia ter uns cinco ou seis anos.

Quando a mamãe, com pressa, se esqueceu do ritual do Papai Noel. Aproveitou que era véspera de Natal, que o papai recebera algum dinheiro extra e me levou até um bazarzinho ao lado do antigo mercado de Mogi.

O dono da loja nos atendeu e mostrou as últimas novidades em brinquedos. Um velocípede azul e vermelho faiscava na vitrine. Era o que eu pediria ao Papai Noel. Mas nem precisei. Mamãe pagou e já levou. E enquanto íamos pra casa, já anoitecendo, ela foi me avisando que o brinquedo ia ser dado depois. Pelo Papai Noel. Me levou pra dormir na casa da minha vó (naquele tempo, bem pertinho da minha casa). 

Aprendi que o homem tem quatro idades:
quando acredita em Papai Noel,
quando não acredita em Papai Noel,
quando é o Papai Noel e
quando se parece com Papai Noel.
Autor: desconhecido