No dia 31 de outubro, é comum comemorar-se o Halloween ou
o Dia
das Bruxas, por conta das influências culturais dos Estados Unidos.
Entretanto, desde 2003, na mesma data, no Brasil, comemora-se o Dia do Saci, em homenagem ao
Saci-pererê, figura mitológica do imaginário
folclórico brasileiro.
Acredita-se que, por trás dessa criação, há uma resposta ao
desconforto de que muitos brasileiros
sentem em relação à comemoração do Halloween, já que o Dia das Bruxas é uma
festa tradicional que acontece em diversos países anglo-saxões, sobretudo nos
Estados Unidos.
Disseminada no Brasil há muitos anos através do cinema estadunidense,
TV, séries, o Halloween não entrou no
folclore nacional, apesar do incentivo das escolas de idiomas, clubes e festas
adolescentes serem os principais centros de propagação deste evento, a
maior parte do povo brasileiro não aderiu
à comemoração do Halloween e, muitos deles,
criticam esta globalização de costumes.
Esse incômodo talvez provenha do fato de não acharem
necessário importar
uma cultura norte-americana, já que o país tem grande diversidade folclórica
que não é aproveitada.
O Dia do Saci foi oficializado em 2004 a partir da lei federal nº
11.669, de 13 de janeiro, cuja comemoração foi colocada no mesmo dia do
Halloween para chamar a atenção da população para as lendas nacionais e promover a
cultura nacional e as tradições brasileiras. É uma forma de resistência à importação
cultural do Dia das Bruxas e ao mesmo tempo oferecer à juventude brasileira a
alternativa de festejar as manifestações de sua própria cultura.
Além do Estado de São Paulo, o Dia do Saci também é oficial em
outros nove municípios: São Luiz do Paraitinga, Guaratinguetá, São José do Rio
Preto e Embu das Artes (SP); Poços de Caldas e Uberaba (MG); Fortaleza e
Independência (CE); e Vitória (ES).
🔥 Origem do Dia do Saci X Halloween
O Dia
do Saci é uma homenagem a esse ser mítico que também é conhecido por
saci-pererê, matita perê, saci-saçurá. A sua origem remonta aos indígenas da
região das Missões, no sul do Brasil, de onde teria se espalhado para o resto
do país e, embora a figura do Saci seja associada a um ser maléfico, trata-se
de uma personagem brincalhona.
Ele usa gorro
vermelho, está sempre de cachimbo na boca, tem um sorriso irônico inconfundível
e é perneta. Diz a lenda que os sacis nascem nos nós dos bambuzais e, depois
que morrem, viram orelha-de-pau.
Contudo, por
conta da aproximação dos povos negro e indígena no período da Colônia e do
Império, e pela oralidade das lendas, o mito do Saci foi apropriado pelos
negros escravizados, que deram à figura as características vistas nos livros de
Monteiro Lobato e nos desenhos de Ziraldo: um jovem de pele retinta, cachimbo
de preto velho, com personalidade brincalhona e travessa, e o dom de viajar por
moinhos de vento e não parar em lugar algum.
Nas histórias
mais antigas, Saci também é o guardião das florestas, defensor dos animais e da
natureza. Diz a lenda que ele é um conhecedor de toda a fauna e flora.
🔥 A lenda do
Saci-pererê
O Brasil possui
muitas lendas populares que foram transmitidas de geração em geração, em
diversas regiões do Brasil, sendo compartilhadas pelos idosos aos mais jovens,
ao redor das fogueiras. Uma das lendas mais conhecidas do Brasil e que mostra
todo esse encontro de culturas é a do Saci-pererê.
O Saci-pererê
é um personagem bastante conhecido do
folclore brasileiro, cuja origem é presumida entre os indígenas da Região das
Missões, no Sul do país, de onde teria se espalhado por todo o território
brasileiro. Saci é oriundo do termo tupi sa'si, e o termo
"pererê" é oriundo do termo tupi pererek-a, que significa "ir
aos saltos".
A lenda do Saci-pererê
existe pelo menos desde o fim do século XVIII ou começo do XIX. Na Região Norte
do Brasil, a mitologia africana transformou o Saci-pererê em um negrinho que
perdeu uma perna lutando capoeira, imagem que prevalece até os dias de hoje.
Além das
influências indígenas e negras, que fazem do Saci um símbolo da
resistência. Herdou também, da cultura africana, o pito, uma espécie de
cachimbo e seu “gorro” vermelho tem inspiração na personagem portuguesa Trasgo,
um ser encantado. Ambos, Saci e Trasgo,
são pequeninos e possuem poderes sobrenaturais.
Livre e solto,
Saci desfruta de uma liberdade que lhe custou uma perna. A lenda diz que o
menino perdeu o membro em uma luta de capoeira contra um capataz. A figura do Saci, conforme as versões comuns
ao sul, surge como um ser maléfico, brincalhão ou gracioso, que se diverte com os animais e pessoas,
fazendo pequenas travessuras.
Conhecido por
adorar pregar peças nas pessoas, como trançar os pelos dos animais, esconder
brinquedos de crianças, deixar os animais soltos e provocar os cachorros, ou ainda assustar os viajantes noturnos com
seus assobios bastante agudos e impossíveis de serem localizados.
Além disso,
quando ele está na cozinha, ele derrama o sal, azeda o leite e queima o feijão,
em outras palavras, qualquer coisa que dê errado dentro e fora da casa pode ser
culpa do Saci-pererê.
Além de suas
travessuras, vale dizer que o Saci tem o domínio das matas e, por isso, possui
outra função denominada “farmacopeia”. Assim, o Saci é o guardião das ervas e
das plantas medicinais. Ele conhece suas técnicas de manuseio e de preparo, bem
como a utilização acerca dos medicamentos feitos a partir de plantas.
Saci guarda e cuida das ervas sagradas presentes na mata e costuma atrapalhar e
confundir as pessoas que as coletam sem autorização. Diz a lenda que para
entrar nas florestas em busca de plantas medicinais deve-se pedir sua permissão
ou correr o risco de se tornar uma vítima de seu truques.
Para ajudá-lo
nessas brincadeiras, o Saci possui certos poderes mágicos. Ele ganha suas
habilidades mágicas de seu gorro vermelho, que permite que ele desapareça e
reapareça sempre que ele quiser e, embora ele tenha apenas uma perna ele ainda
é muito ágil, pois ele pode criar tornados para se mover, além de selar cavalos
muito bem.
O fato é que nas comunidades rurais brasileiras, a lenda do Saci foi sendo transmitida de geração a geração pela oralidade, até ficar conhecido nas grandes cidades do país e internacionalmente graças aos livros de Monteiro Lobato, com destaque para "O Sítio do Pica-Pau Amarelo", que teve sua adaptação para a TV e tornou as histórias do Saci conhecidas em todos os cantos do Brasil e, também, A Turma do Pererê que foi uma série de histórias em quadrinhos brasileira criada pelo autor e cartunista Ziraldo.
O fato é que nas comunidades rurais brasileiras, a lenda do Saci foi sendo transmitida de geração a geração pela oralidade, até ficar conhecido nas grandes cidades do país e internacionalmente graças aos livros de Monteiro Lobato, com destaque para "O Sítio do Pica-Pau Amarelo", que teve sua adaptação para a TV e tornou as histórias do Saci conhecidas em todos os cantos do Brasil e, também, A Turma do Pererê que foi uma série de histórias em quadrinhos brasileira criada pelo autor e cartunista Ziraldo.
🔥 Como se livrar
de seus truques
Uma das maneiras
de escapar de um Saci é atravessar por água corrente, geralmente por um rio.
Ele não se atreverá a atravessar porque perderá todo seu poder. Outra maneira é soltar uma corda cheia de nós no caminho, porque então ele
será obrigado a parar para desfazê-los. Algumas pessoas também tentam acalmá-lo
deixando cachaça ou tabaco para o seu cachimbo.
🔥 Como capturar
um Saci-pererê
Segundo a lenda,
cada tornado da floresta é causado pela dança de um Saci invisível, e para
capturá-lo, é preciso jogar um rosário junto com uma peneira nesse redemoinho
de vento. Dessa maneira, após capturá-lo, é necessário retirar-lhe o gorro para
prendê-lo em uma garrafa de vidro escuro, que deve ser fechada com uma rolha
marcada com uma cruz.
Dependendo do
tratamento que o Saci recebe de seu mestre, quando ele conseguir escapar ele
poderá se tornar um guardião e amigo confiável ou um inimigo terrível. Dizem
também que quem capturar sua touca vermelha tem direito a receber um desejo do
Saci, mas o cheiro dessa touca é tão ruim que a pessoa pode nunca se livrar
dele.
🔥 Como celebrar
o Dia do Saci
Na celebração do
Halloween, as pessoas costumam se fantasiar, aplicando-se a mesma estratégia
para comemorar o Dia do Saci, porém usando fantasias que remetam aos
personagens do nosso folclore, como o próprio Saci, o Caipora, a Cuca, o Boi da
Cara Preta, entre outros.
🔥 Atividades
para o Dia do Saci
Desde a
oficialização da data no Brasil, as escolas costumam realizar eventos relacionados
com a figura do Saci, já que muitos não conhecem as lendas que envolvem o
imaginário do nosso país.
A brincadeira de
capturar esse personagem de uma perna só em uma garrafa de vidro é tradição no
mês de outubro, e pode ser uma boa forma de estimular nos pequenos o interesse
pelo folclore e os mitos brasileiros.
Uma das
sugestões para o Dia do Saci X Halloween é que ao invés de sair
pelas ruas fantasiado com as roupas típicas do Halloween norte-americano, no
dia 31 de outubro, opte por fantasias que caracterizem os seres sobrenaturais
do folclore brasileiro.
Entre algumas
das atividades interessantes para partilhar com as crianças no Dia
do Saci, sugere-se:
🎃 Confecção de boneco do Saci;
🎃 Confecção de boneco do Saci;
🎃 Confecção
de gorros vermelhos;
🎃 Fazer uma peça
de teatro com o Saci-pererê como personagem principal;
🎃 Fazer desenhos do Saci e
das demais figuras mitológicas da cultura brasileira;
🎃 Recriar a lenda do
Saci-Pererê, incentivando a criatividade das crianças;
🎃 leitura
de lendas;
🎃 Cantar
músicas;
🎃 Jogos: caça ao Saci, criar
crinas de cavalo com lã e montar um circuito com elas a fim de ver quem é o
mais rápido a dar nó nelas.
🔥 Curiosidades
sobre o saci-pererê
🎃Acredita-se
que o Saci nasceu do broto de bambu, permanecendo ali até os sete anos e, após
esse período, vive mais setenta e sete praticando suas travessuras entre os
humanos e os animais. Por fim, ao morrer, o Saci torna-se um cogumelo venenoso.
🎃 A cidade de
Botucatu, no interior de São Paulo, é considerada a capital nacional do Saci.
Nela está localizada a Associação Nacional de Criadores de Saci (ANCS), que tem
como intuito principal divulgar essa figura folclórica.
🎃 Em São Luiz do
Paraitinga, São Paulo, foi criada a Sociedade dos Observadores de Saci
(SOSACI). Trata-se de uma organização que tem como objetivo valorizar a cultura
popular brasileira incentivando o desenvolvimento de projetos que promovam a
sua difusão.
Vale ressaltar
que o Saci, por suas características de esperteza e brasilidade, é o símbolo da
Seção de Instrução Especial da Academia Militar das Agulhas Negras, única
instituição de ensino superior do Exército Brasileiro, localizada em Resende,
no estado do Rio de Janeiro, no Brasil.
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