A Flor Solitária

Em um deserto distante, vivia uma solitária flor. Tão bela, delicada e com um perfume tão bom que a própria areia se desviava com a ajuda do vento para não a molestar.

Afinal, era a única flor do deserto. Ela dava à paisagem árida um toque de vida e luz.

— Por que nasci assim? (pensava ela)

Tão longe de minhas irmãs e primas? Olhava ao redor e só via areia clara e o céu azul.

Os grãos de areia adoravam visitá-la. Ela, tão linda e colorida, alegrava e dava vida àquele deserto. Alguns grãos de areia viajavam dias e dias para conhecê-la.

Comentavam entre si como era mais bela a paisagem graças à presença daquela flor.

Mas a flor, por não entender sua missão, sentia-se muito só. Se existia um motivo para a sua vida, qual seria ele?

Os grãozinhos de areia tentavam se comunicar com ela, mas por pertencerem a dimensões, ou reinos diferentes (vegetal e mineral), eles não conseguiam transmitir à flor o quão importante e necessária era a sua presença ao deserto.

Em cada amanhecer, a flor olhava ao redor em busca de algum sinal de vida. Deprimida, ela, então, definhou e morreu.

Os grãos de areia, que nada puderam fazer, entristeceram-se. Já não queriam mais passear e até o vento, naqueles dias, desistiu de soprar.

Perguntavam eles:

- Será que a flor que procurava vida ao seu redor não percebeu que ela era a própria vida?

Ela era a alegria e o colorido da paisagem! Por que insistiu em procurar fora aquilo que estava dentro dela?

A flor insistiu em procurar fora a vida que estava dentro dela. Mas há também um outro ponto. A história nos conta que os grãos de areia não tiveram a possibilidade de dizer à flor o quanto ela era importante para eles.

 

Reflita:

Quem nunca, em algum momento da vida, procurou fora o que estava vivo e gritando dentro dela?

Quem nunca, por estar sempre muito ocupado, esqueceu de dizer às flores que floresceram em seu jardim o quanto elas são importantes em sua trajetória?

Tags: Flor, solitária, vida, deserto, luz, areia, céu.