Puxa-saquismo — Falso elogio que alimenta a vaidade!

Puxa-saco, popularmente conhecido como Adulador ou Bajulador, significa a pessoa que vive elogiando pessoas que ocupam posição de poder, com o intuito de obter algum benefício ou privilégio, seja um elogio, um minuto de fama, uma promoção, aumento de salário, a garantia de seu emprego e, até mesmo, uma simples “auto publicidade” para sustentar um falso status e, assim, atingir seus objetivos.

A palavra bajular vem do latin bajulare que significa adular servilmente e, infelizmente, quase todo o ser humano torna-se vulnerável diante de um elogio que mesmo sendo mentiroso afeta mais do que qualquer outra palavra.

O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica — Norman Vincent


Todos nós conhecemos e convivemos com os puxa-sacos, seja nas empresas, nas escolas, nas igrejas, nos hospitais, nas entidades comunitárias, nos supermercados, enfim, onde existe uma posição de autoridade, lá estará o puxa-saco para se autopromover.

Existiu e até hoje existe em todas as classes sociais — não importando se é homem ou mulher, jovem ou idoso — e todos sem exceção podem assumir o "papel" de adulador servil.

Os aduladores são como as plantas parasitas que abraçam o tronco e ramos de uma árvore para melhor aproveitar e consumir - Marques de Maricá

Geralmente, o puxa-saco, é uma pessoa sem ética e, provavelmente, incompetente para subir na vida ou ganhar poder através dos próprios méritos, necessitando portanto usar certos artifícios para atingir seus objetivos.

São pessoas que elogiam gratuitamente e supervalorizam, a toda hora, as atividades das pessoas que ocupam cargos de autoridade.

Dão presentes sem data comemorativa, cruzam com o adulado dezenas de vezes ao dia, fazem perguntas — mesmo sem necessidade — fazem fofocas e intrigas, informam tudo o que ocorre e também o que muitas vezes só acontece em sua imaginação, e, sempre têm na ponta da língua um discurso de apoio, de esperteza, de malandragem, para que possam se fazer presente no dia a dia do “chefe”.

Aprendei que todo o adulador vive a custa de quem o escuta. La Fontaine

Convém ressaltar que para que exista “o bajulador” tem que existir “o que gosta de ser bajulado”, assim, pode-se dizer que esta relação é uma “relação de afeto mútuo” e cada um deles sabe como amaciar o ego um do outro.

Bajulados e puxa-sacos se completam e vivem num mundo de mentiras onde o puxa-saco se apoia unicamente em seus interesses e, o bajulado, mesmo sabendo que o outro está mentindo, continua dando-lhe crédito para alimentar sua própria vaidade — portanto, um é digno do outro.

Uma verdade inegável é que o puxa-saco apenas encontra abrigo certo, quando seu alvo possui um dos pecados capitais: a vaidade.

A bajulação é a moeda falsa que só circula por causa da vaidade humana — François La Rochefoucauld.

O bajulador é um predador voraz constantemente em busca de sua presa que geralmente é o indivíduo que possui elevado amor-próprio, cuja benevolência consigo mesmo dá ensejo à bajulação. Ao estimular o amor-próprio da vítima e alimentar sua vaidade, o bajulador abre caminho para seus objetivos interesseiros na busca incessante por privilégios.


O puxa-saco é um ser que não tem estima nem por si e nem pelos outros e geralmente seu tempo é tomado por tudo, menos pela dedicação ao trabalho, ao aprendizado e ao aperfeiçoamento da própria função.

Costuma estar sempre de plantão para não perder nenhum detalhe do qual possa tirar alguma vantagem, sem contar aqueles que têm o hábito de fazer plantão na frente do computador à espera que seu “bajulado” apareça para um breve papo, e, é claro, mais uma oportunidade para por em prática sua adulação.

Apanham-se mais moscas com uma colher de mel do que com 20 tonéis de vinagre — Henrique IV, Rei da França

Tenta mostrar a todo o momento que não precisa do resto da equipe para trabalhar e se acha auto suficiente, mas na realidade, vive com dúvidas e disfarçadamente, às escondidas, pergunta tudo e depois assume a autoria.

O “puxa-saco” nada mais é do que aquele que geralmente tem muitas dificuldades para executar as tarefas que necessitam de habilidades mínimas e básicas e, como tal, seu trabalho consiste em adormecer a inteligência do bajulado, para depois manipulá-lo e atingir assim seus objetivos.

Nesse jogo, o puxa-saco passa a viver as emoções do “bajulado” e todos os seus sentimentos pertencem a este, portanto, esquece o que aprendeu, esquece o que sabe, esquece seus gostos, enfim, segue apenas seu dono — o bajulado — e passa a desfrutar do que seu dono gosta e tem em mente o que será melhor para seu dono e costuma concentrar-se somente no que seu dono gosta.

Engolimos de um sorvo a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga — Denis Diderot

Assim se seu dono gosta de elogios, usa seu poder de puxa-saquismo para suportar o ego imenso dele; se seu dono tem sede de poder faz coisas que o ajudem a conquistar mais prestígio, enfim, vive numa competição olímpica atuando sempre com rapidez seja nas horas de alegria, de tristeza, na saúde e na doença, até que a morte, a demissão ou a conquista de um novo puxa-saco os separe.


A fábula "O Corvo e a Raposa", de La Fontaine, descreve muito bem a artimanha do bajulador e a vulnerabilidade do adulado.

Um dia um corvo estava pousado no galho de uma árvore com um pedaço de queijo no bico quando passou uma raposa.

Vendo o corvo com o queijo, a raposa logo começou a matutar um jeito de se apoderar do queijo.

Com esta idéia na cabeça, foi para debaixo da árvore, olhou para cima e disse:

» Que pássaro magnífico avisto nessa árvore!

» Que beleza estonteante!

» Que cores maravilhosas!

» Será que ele tem uma voz suave para combinar com tanta beleza?

Se tiver, não há dúvida de que deve ser proclamado "O Rei dos Pássaros!"
 
Ouvindo esses elogios, o Corvo quase estourou de satisfação. E querendo mostrar que nem mesmo uma bela voz lhe faltava, abriu o bico para cantar.

O queijo caiu e mais que depressa a raposa abocanhou ligeiro aquela delícia, dizendo:
 
» Olhe, meu senhor, estou vendo que voz o senhor tem, mas o que não tem é inteligência!

Aprenda que todo bajulador vive à custa de quem o escuta, portanto, acho que esta lição vale bem um pedaço de queijo!

 

Curiosidades sobre a expressão “Puxa-saco”

A expressão puxa-saco começou a ser usada na gíria militar. Os oficiais não colocavam suas roupas em malas, mas em sacos durante as viagens. Mas quem carregava, obedientemente, a bagagem para cima e para baixo eram os soldados. Puxar esses sacos virou sinônimo de subserviência. E o puxa-saco passou a definir todos que bajulavam superiores ou qualquer outra pessoa.

Os puxa-sacos vivem adulando. Esta palavra vem do Latim adulare, “lisonjear, afagar”. Primeiro parece que este verbo se aplicava aos afagos feitos num cão, depois aos que este fazia no dono, abanando o rabo e se mostrando contente mesmo quando não fosse bem tratado.

A bajulação, na gíria do Brasil colonial chamava-se “engrossamento”. Depois, na República Velha, passou a ser “chaleirismo” ou “chaleiramento”. O termo parece ter vindo dos aduladores do senador gaúcho Pinheiro Machado, figura política mais influente da sua época, que disputavam a tapa o privilégio de carregar-lhe a chaleira, e repor a água do seu chimarrão.

Só a partir dos anos 30 do século XX, foi que se popularizou o termo “puxa-saco”. O humorista Nestor de Holanda, que escreveu um tratado sobre o assunto — “O Puxa-saquismo ao alcance de todos” — afirma que a origem do termo não é tão escabrosa como pode parecer à primeira vista.

Segundo ele, a expressão vem dos tempos em que era moda o casaco folgado, solto, não cintado, conhecido como paletó-saco. Os homens importantes adotaram a moda. Seus bajuladores viviam atrás deles, como que a puxar a ponta do paletó saco.


De qualquer forma, a expressão deu origem a um ditado de extrema sabedoria: “O saco do chefe é o corrimão do sucesso”.


Puxa-Saquismo — Falso elogio que Alimenta a Vaidade!
Fonte:Pesquisa na internet, Superinteressante e Desciclopedia
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