Endometriose: Março Amarelo, mês de conscientização.

Além das cores Azul (câncer colorretal) e Lilás (HPV), o mês de março também é Amarelo, para falar de uma doença muito importante: a Endometriose. Março Amarelo é o mês mundial da campanha de conscientização sobre a Endometriose que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em todo o mundo, afeta cerca de 176 milhões de mulheres, sendo mais de 7 milhões somente no Brasil. Essas mulheres costumam passar décadas enfrentando cólicas lancinantes, dores durante o sexo e muitas vezes pode causar infertilidade até a contribuição para o desenvolvimento do câncer de ovário.

👉 Mas, afinal, o que é o Março Amarelo?

É a campanha destinada à conscientização da população sobre a importância de realizar exames preventivos que ajudem a identificar a endometriose. Desse modo, é possível desenvolver um tratamento precoce, identificando a doença ainda no início, e melhorando a qualidade de vida da mulher.

👉 Como surgiu a data?

A campanha Março Amarelo surgiu de um movimento realizado nos Estados Unidos, em Milwaukke, em 1993, e idealizado pela ativista Mary Lou Ballweg, portadora de endometriose.

Em 1980, Mary Lou fundou a primeira associação voltada à doença, chamada The Endometriosis Association. Após realizar da Semana de Conscientização sobre a Endometriose na Associação, a fundadora percebeu que somente 7 dias era pouco para divulgar a importância do assunto, criando, então, o Março Amarelo, campanha que se estendeu mundialmente.

É um importante alerta à saúde da mulher a qual vem ganhando espaço, como forma de contribuir para a conscientização de uma doença responsável por afetar a fertilidade de mais 3 milhões de brasileiras.

👉 O que é Endometriose?

A Endometriose é uma doença comum e benigna, que ocorre quando o endométrio (mucosa que reveste a parede interna do útero) cresce em outras regiões do corpo. Todos os meses, o endométrio fica mais espesso para que um óvulo fecundado possa se implantar nele.

Quando não há gravidez, esse endométrio que aumentou descama e é expelido na menstruação, entretanto, quando a mulher sofre de endometriose, algumas dessas células ao invés de serem expelidas, migram no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, aonde voltam a multiplicar-se e a sangrar.

Assim, as células do endométrio também podem se espalhar e crescer em outras partes do corpo, como no intestino, no reto, na bexiga, no peritônio e até mesmo em órgãos distantes, como o pulmão e o cérebro.

👉 Quais são os sintomas da endometriose?

Apesar de ser comum, a endometriose é uma doença ainda pouco conhecida, motivo pelo qual o Março Amarelo se torna uma campanha essencial. Por não apresentar sintomas logo no início, o diagnóstico da doença pode demorar muito tempo, contribuindo para agravar o quadro.

Dentre os sintomas da endometriose estão: dor pélvica, menstruação intensa, dor ao urinar ou evacuar, dor durante a relação sexual, dificuldade de engravidar, dores na lombar e no músculo posterior das coxas, dores no ombro direito e pescoço, além de outros órgãos que também podem ser acometidos, como, parte do intestino grosso, bexiga, apêndice e vagina.

É possível ainda que a endometriose seja assintomática. Nesses casos, a doença também precisa de tratamento, mas só será diagnosticada por exames de imagem e de rotina, cujo objetivo é analisar órgãos e estruturas pélvicas, como: trompas uterinas, endométrio, ovários e o próprio útero.

👉 Quais exames podem detectar a endometriose?

Ao observar e analisar os sintomas relacionados à doença, em uma consulta médica, o profissional deverá analisar os sintomas apresentados pela mulher. Além disso, como forma de confirmar o diagnóstico, alguns exames são utilizados, como:

💛 Exame vaginal (ou exame de toque);

💛 Ultrassom transvaginal ou endovaginal;

💛 Ressonância magnética;

💛 Exame de sangue;

💛 Videolaparoscopia.

O diagnóstico da doença hoje em dia é feito com a apresentação clínica, reservando a laparoscopia, procedimento invasivo, para casos específicos. Exames de Ressonância magnética são sinais altamente sugestivos, mas a laparoscopia, mesmo sem biópsia, já é aceita como diagnóstico definitivo.

👉 Como é o tratamento para a endometriose?

Para a endometriose, inicialmente é indicado o tratamento clínico, com o objetivo de controlar sintomas e melhorar o quadro. São opções para o médico responsável pelo acompanhamento da mulher com endometriose medicamentos como anticoncepcionais orais, injeções intramusculares, ou mesmo o DIU (Dispositivo Intrauterino) e implante hormonal.

Outros tratamentos que podem ser usados como forma de oferecer conforto e alívio dos sintomas são a fisioterapia, acupuntura e uso de analgésicos. Para casos em que o tratamento clínico não apresenta resultados, o médico poderá reavaliar a conduta, recomendando a cirurgia.

Essa intervenção é indicada para realizar a remoção completa dos focos de endometriose, restaurando a anatomia e preservando a função reprodutiva da mulher. Contudo, é importante entender que a doença não tem cura.

Por esse motivo, é fundamental que a mulher realize acompanhamento periódico, com exames de rotina. Dessa forma, é possível realizar um diagnóstico precoce, que contribua para o tratamento adequado da doença,  já que a endometriose apresenta sintomas e consequências muito diferentes em cada mulher, por isso é importante que você esteja muito bem informada antes de escolher o tratamento mais adequado para o seu caso.

👉 É possível desenvolver endometriose na menopausa?

Muitas vezes a endometriose é descoberta já com a mulher mais velha, até na menopausa, mas com certeza ela já tinha as lesões antes e provavelmente não foram diagnosticadas, diz especialista. Sendo uma doença dependente dos hormônios femininos, ela costuma acometer as mulheres mais jovens quando ela ainda tem o ciclo menstrual.

O diagnóstico depende de exames como ultrassom transvaginal e ressonância magnética, por exemplo, que não são exames de rotina nas mulheres, por isso há mulheres que passam a vida sem saber o que têm. 

A perimenopausa (quando a mulher já apresenta sintomas do climatério, mas ainda segue menstruando, o que pode durar vários anos antes do fim da menstruação), segundo especialistas, pode ser um momento mais delicado porque nessa fase a mulher ainda tem uma flutuação hormonal, provocando os sintomas de endometriose.

👉 A endometriose vai embora então com a menopausa?

Muito se fala que depois que a mulher para de menstruar, não tem mais endometriose. Mas a verdade é que não temos a doença inflamatória, ativa. Mas se a mulher tem lesões de endometriose, ela tem a doença na pelve, mas pode ficar assintomática, sem dor.

Na maior parte dos casos, isso significa que os sintomas diminuem ou podem até deixar de existir, entretanto, há mulheres que podem ainda ter dor. Porque depois de ter dor a vida toda, podem ter contratura de assoalho pélvico, muscular, podem desenvolver até vaginismo, que é dor na penetração.

👉 Como tratar a mulher com endometriose na menopausa?

Hoje em dia não existe um tratamento solo da endometriose. Quando ainda existe uma flutuação hormonal e a mulher ainda tiver dor nessa fase, se estiver menstruando, mas já com um ciclo hormonal irregular, podemos usar, por exemplo, um DIU com hormônio (Mirena) ou algum tratamento hormonal. Não é só um tratamento hormonal que a gente faz.

É importante fazer uma dieta anti-inflamatória, atividade física, controle de estresse, tudo isso é ainda mais desafiador nesse período da perimenopausa." Segundo Isabela, caso a mulher ainda tenha dores residuais causadas por contraturas no assoalho pélvico, uma fisioterapia para a região pode uma fisioterapia para a região pode ser indicada.

👉 Existem riscos para a mulher que tem endometriose na pós-menopausa?

Se não houver lesões de alça intestinal que possa obstruir o intestino, ou alguma lesão que cause compressão no ureter, por exemplo, ou se forem apenas fibroses sem dor, é muito difícil que haja uma evolução disso

Segundo a médica, se as lesões estiverem em algum local mais arriscado, é possível fazer uma cirurgia para retirá-las.

👉Mulheres com endometriose podem fazer reposição hormonal na menopausa?

Não existe contraindicação para a reposição nesse caso. Entretanto se a paciente começar a ter dor com a reposição, precisamos fazer exames de imagem para ver se não há evolução de algum foco da endometriose, por exemplo", diz a médica. Ou seja, as mulheres podem fazer, mas precisam de um acompanhamento médico mais atento.

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