Câncer de Mama — Mitos e Verdades


Outubro Rosa, movimento mundial para a conscientização sobre o Câncer de Mama, cuja campanha foi criada em 1997 nos Estados Unidos, e enfatiza a importância de disseminar informações e adotar medidas de prevenção da doença, para ajudar as pessoas a terem um diagnóstico precoce, fator crucial para o sucesso do tratamento do tumor.

Fatores relacionados ao conhecimento da doença e às dificuldades de acesso das mulheres aos métodos diagnósticos e ao tratamento adequado e oportuno resultam na chegada das pacientes em estágios mais avançados do câncer de mama, piorando o prognóstico.

O fato é que o Câncer de Mama é hoje um relevante problema de saúde pública, tornando-se a neoplasia maligna mais incidente em mulheres na maior parte do mundo. De acordo com as últimas estatísticas mundiais do Globocan 2018 (BRAY, 2018), foram estimados 2,1 milhões de casos novos de câncer e 627 mil óbitos pela doença.

Segundo estimativa do INCA o número de casos incidentes estimados de câncer de mama feminina no Brasil, para 2019, é de 59.700, o que representa 29,5% dos cânceres em mulheres, excetuando-se o câncer de pele não melanoma.

Nas capitais, esse número corresponde a 19.920 casos novos a cada ano. A taxa bruta de incidência estimada foi de 56,33 por 100 mil mulheres para todo o Brasil e 80,33 por 100 mil mulheres nas capitais.

Embora grande parcela da população já tenha ouvido falar sobre a doença, e mesmo com uma campanha consolidada o câncer de mama ainda envolve muitos mitos, assim como informações equivocadas. É preciso que nos informemos já que a informação correta é uma arma contra a doença. Os principais fatores de risco para a doença incluem o tabagismo, a obesidade, o alcoolismo e o envelhecimento. Portanto, algumas medidas preventivas podem começar muito cedo, ainda na infância.

Atualmente, o diagnóstico, o tratamento local e o tratamento sistêmico para o câncer de mama estão sendo aprimorados de forma rápida, em razão de um melhor conhecimento da história natural da doença e das características moleculares dos tumores. Nesse cenário, o planejamento de estratégias de controle do câncer de mama por meio da detecção precoce é fundamental.

Para desmitificar alguns conceitos disseminados erroneamente, a cirurgiã oncológica e mastologista do A.C.Camargo Cancer Center, Solange Maria Torchia Carvalho  e o oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Felipe Ades, tiram algumas dúvidas e contam o que é mito e verdade sobre a doença. Confira a seguir:

• Câncer de mama só aparece em quem tem histórico familiar?
MITO
A maioria das mulheres acometidas pelo câncer de mama não tem familiares com a doença.  “As estimativas mostram que aproximadamente 10 % dos casos têm origem hereditária”, revela Solange Maria Torchia Carvalho.

A história familiar, porém, influencia quando o parentesco é de primeiro grau, ou seja, se a mãe, a irmã ou a filha foram diagnosticadas. E ainda mais quando o tumor apareceu antes dos 40 anos. Nessas situações, a mulher deve redobrar a atenção e procurar o médico para a orientação da conduta adequada, inclusive com a realização de rastreamento genético.

• Hereditariedade aumenta em 80% as chances de desenvolver câncer de mama?
VERDADE
Fatores genéticos correspondem à 12% dos casos de câncer de mama e aumentam em 80% as chances do desenvolvimento deste tipo de câncer. O mapeamento genético pode ser importante aliado na prevenção e no tratamento em casos do tipo.

“O mapa pode ser feito por qualquer pessoa por meio de uma coleta de sangue, saliva ou qualquer outro fluido que contenha material genético, entretanto, a análise se dá por meio de sofisticadas técnicas de laboratório e é indicada para pessoas que tenham histórico de doenças genéticas em familiares”, explica Dr. Felipe Ades.

• Câncer de mama é uma só doença?
MITO
São vários os tipos e cada um tem nome e sobrenome. “Por essa razão, as respostas às terapias e a evolução da doença são diferentes”, comenta a cirurgiã Solange. Há desde os tumores restritos à mama, até aqueles que escapam para outros tecidos. Existem os que crescem de maneira rápida e os que se desenvolvem lentamente, entre outras peculiaridades.

Graças aos avanços das últimas décadas, hoje também é possível classificar subtipos de acordo com estruturas da superfície celular e que estão envolvidas na divisão e multiplicação de células cancerosas. A partir dessa identificação, o médico elege drogas que agem direto no alvo e barram esse processo.

• Próteses de silicone aumentam o risco de câncer?
MITO
Não há relação do uso de próteses mamária de silicone com o risco de desenvolvimento de câncer de mama.

• Usar desodorante pode causar câncer de mama?
MITO
Tudo indica que essa história começou por causa da presença de sais de alumínio nas formulações dos antitranspirantes – produtos que inibem a transpiração. Mas a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – assegura que não existe relação entre a substância e o tumor.

“Esse é mais um dos mitos de internet que não se sabe ao certo como começou. Sem problemas, não há acúmulo de toxinas ou qualquer outra substância que cause câncer. Desodorantes são seguros”, explica Dr. Felipe Ades.

Parte dessa crença também se deve ao fato de que os desodorantes são aplicados na axila, região próxima ao tecido mamário.  “Mas não há dados na literatura científica que comprovem o elo”, assegura a médica.

• A prática de atividades físicas pode ajudar a prevenir o câncer de mama?
VERDADE
A atividade física, quando praticada regularmente (no mínimo três vezes por semana com duração mínima de trinta minutos), traz diversos benefícios a curto e longo prazo para qualquer pessoa.

A maior pesquisa realizada sobre o assunto até hoje, publicada em 2016 pela revista cientifica JAMA, constatou a diminuição do risco de desenvolvimento do câncer de mama em 7% para os indivíduos que praticavam exercício físico.

“Para prevenir o câncer de mama as mulheres devem iniciar uma mudança de hábitos em sua rotina, como praticar atividade física regularmente, ingerir alimentos saudáveis e realizar os exames preventivos, como a mamografia”, afirma Dr. Felipe.

• Usar sutiã apertado causa câncer?
MITO
Não há embasamento científico que relacione o uso de sutiãs apertados e o surgimento do câncer de mama. “Há uma falsa ideia que o sutiã comprime os vasos sanguíneos, acumulando assim toxinas na mama. Não há base para essa afirmação”, pontua o oncologista.

O mesmo vale para as hastes de metal que sustentam o bojo de alguns sutiãs. Não existe qualquer relação.

• Todos os nódulos da mama são câncer?
MITO
A maioria dos nódulos na mama correspondem a lesões benignas ou cistos. Achando um nódulo, não se desespere, apenas consulte o mastologista ou ginecologista.

• Amamentar protege contra o câncer de mama?
VERDADE
“Especialmente se a gestação for antes dos 30 anos de idade”, responde Solange. Também deve se considerar o período de aleitamento. Há evidências de que quanto mais prolongado, maior a proteção.

Uma das orientações para prevenção do câncer de mama divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e pelo Ministério da Saúde é a amamentação até os dois ou mais, sendo extremamente necessária a exclusividade até os seis meses de vida da criança.

A amamentação, além de ajudar a construir a imunidade do bebê, também protege a mãe contra o câncer de mama, diminuindo assim as chances de desenvolver a neoplasia.

Esse elo se dá porque a amamentação reduz o número de ciclos menstruais e, consequentemente, da exposição a certos hormônios femininos que podem estar por trás do surgimento de tumores, caso do estrógeno.

Ressalte-se que existem vários outros fatores que levam ao câncer e que, infelizmente, para algumas mulheres o fato de amamentar não determina prevenção.

• O câncer de mama pode ser causado por um trauma (batida) nos seios?
MITO
A batida não é capaz de desencadear o tumor. Não é por causa de um trauma que as células malignas vão se multiplicar de maneira desenfreada.

Entretanto, os machucados e hematomas ajudam despertar a atenção da mulher para essa região do seu corpo. “Ela tende a examinar com mais cautela a mama e pode deparar com nódulos já existentes”, comenta Solange.

• Se eu fizer o autoexame todos os meses não preciso fazer a mamografia?
MITO
Embora seja um aliado para despertar a consciência corporal, o autoexame, na grande maioria das vezes, não é capaz de flagrar o início de um tumor, na fase em que as lesões são muito pequenas. A palpação detecta caroços maiores.

Então, por mais que seja desconfortável, a mamografia é fundamental para o diagnóstico precoce. “Ela revela microcalcificações, nódulos menores e outras irregularidades”, explica Solange. Toda mulher, após os 40 anos de idade, deve realizar.

Também é importante estar atenta a alguns sinais, como diferenças consideráveis entre o tamanho dos seios, alterações nos mamilos e na pele da mama, inchaços incomuns na área, presença de secreções ou mesmo sangue, entre outros.

• Câncer de mama pode ter cura?
VERDADE
Aqui muitos fatores devem ser considerados. Um dos mais importantes é o diagnóstico precoce. “Quanto menor a lesão identificada, maior a chance de cura”, afirma Solange. Entretanto, há que se ressaltar as diferenças entre os tipos de tumor. Cada paciente é única.

Fique Atenta aos Sinais e Sintomas:
Dor ou inversão do mamilo (para dentro); saída de secreção (não leite) pelo mamilo; nódulo em parte da mama; Caroço na mama ou na axila, uma alteração na pele da mama, vermelhidão ou descamação do mamilo - microcalcificações que aparecem no exame de rotina - secreção ou mesmo dor no mamilo são todos sinais de alerta que você deve prestar muita atenção.

Seja no autoexame em casa ou nos seus exames de rotina, caso você observe algum desses indícios, é preciso consultar um médico imediatamente. Ele vai pedir uma série de exames para definir um diagnóstico com mais precisão. Não necessariamente esses sintomas significam um câncer, mas é preciso checar.

Cada paciente é única. O médico irá considerar fatores como sua idade, as condições clínicas, sinais e sintomas e os resultados de exames anteriores para decidir quais exames diagnósticos são adequados para você.

Na verdade, não existe uma receita de bolo no tratamento contra o câncer. Cada paciente é um paciente, ou seja, os exames ou tratamentos usados em uma pessoa podem não ser exatamente os mesmos usados para outra.


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Fonte:
• www.inca.gov.br
aapecan.com.br
A.C.Camargo Cancer Center
Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz