Meninas de 11 a 13 anos são alvo de
campanha nacional que começou em 10 de março, em todo o território nacional, marcando a
inclusão do Brasil no crescente clube de países que estão adotando a vacinação
de meninas como forma de prevenir o HPV.
A campanha, vai até o dia 10 de abril, em todo o país, e a meta do
Ministério da Saúde é que a 1ª dose da vacina contra o Papiloma Vírus Humano,
o HPV, imunize 80% do público-alvo, composto por 5,2 milhões de meninas.
O vírus HPV é uma das principais causas de ocorrência do câncer do colo de útero — terceira maior taxa de incidência entre os cânceres que atingem as mulheres, atrás apenas do de mama e de cólon e reto.
O vírus HPV é uma das principais causas de ocorrência do câncer do colo de útero — terceira maior taxa de incidência entre os cânceres que atingem as mulheres, atrás apenas do de mama e de cólon e reto.
O
Ministério da Saúde preparou uma campanha informativa para orientar a população
sobre a importância da prevenção contra o câncer do colo de útero. Com tema “Cada
menina é de um jeito, mas todas precisam de proteção”, as peças
convocam as meninas para se vacinar.
Na
campanha, as mulheres também são alertadas de que a prevenção do câncer de colo
do útero deve ser permanente. As informações estão sendo veiculadas por meio de
cartazes, spot de rádio, filme para TV, anúncio em revistas, outdoors e
campanhas na internet, especialmente nas redes sociais.
A vacina
contra HPV tem eficácia comprovada para proteger mulheres que ainda não
iniciaram a vida sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o vírus.
Hoje, é utilizada como estratégia de saúde pública em 51 países, por meio de
programas nacionais de imunização. Estimativas indicam que, até 2013, foram
distribuídas cerca de 175 milhões de doses da vacina em todo o mundo. A sua
segurança é reforçada pelo Conselho Consultivo Global sobre Segurança de
Vacinas da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Para
receber a dose, basta apresentar o cartão de vacinação ou documento de
identificação. Cada adolescente deverá tomar três doses para completar a
proteção, sendo que a segunda, seis meses depois, e a terceira, cinco anos após
a primeira dose. Neste ano, será vacinado o primeiro grupo (11 a 13 anos). Em
2015, a vacina passa a ser oferecida para as adolescentes de 9 a 11 anos e em
2016 às meninas de 9 anos.
Para
orientar esta mobilização, foi distribuído informe técnico aos estados e
municípios, bem como a capacitação à distância aos profissionais de saúde e
professores e, também, a distribuição do Guia Prático sobre HPV.
Ao
anunciar a estratégia de vacinação, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
ressaltou a importância desta ação nas escolas. “A experiência mundial mostra que,
quando combinamos vacinação com ambiente escolar, são alcançadas maiores
coberturas”, ressaltou Padilha. O ministro aproveitou para fazer um
apelo a entidades da sociedade civil e as igrejas para que ajudem no processo
de conscientização, não apenas das meninas como também de seus pais sobre a
importância desta imunização.
O
ministro também explicou por que foi escolhida a faixa-etária de 9 a 13 anos
para ser imunizada. “Esta é a faixa-etária em que a vacina contra
HPV tem a melhor resposta. Nesta fase, a menina pré-adolescente que tomar a
vacina vai gerar mais anticorpos para se proteger contra o câncer de colo do
útero”, observou Padilha.
O papilomavírus humano (HPV) é um
vírus contagioso que pode ser transmitido com uma única exposição, por meio de
contato direto com a pele ou mucosa infectada. Sua principal forma de
transmissão pode ocorrer via relação sexual, mas também há contagio entre mãe e
bebê durante a gravidez ou o parto, é a chamada transmissão vertical.
O Ministério da Saúde orienta ainda que mulheres
na faixa etária dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo, o Papanicolau,
anualmente. A vacina não substitui a realização do exame preventivo e nem o uso do
preservativo nas relações sexuais.
Ao incluir a vacinação no elenco de estratégias
já adotadas pelo SUS para a prevenção do câncer do colo de
útero, o Ministério da Saúde reitera o seu compromisso com a melhoria da saúde brasileira,
na busca de adoção de medidas eficazes para controle dessa doença grave que é
uma ameaça à vida das mulheres do nosso país.
Entenda o que é o HPV
1. O que é HPV?
Sigla em inglês para Papilomavírus
Humano (Human Papiloma Virus - HPV).
Os HPV são vírus capazes de infectar
a pele ou as mucosas. Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, dos quais 40
podem infectar o trato genital. Destes, 12 são de alto risco e podem provocar
câncer (são oncogênicos) e outros podem causar verrugas genitais.
2. Quais os tipos de HPV que apresentam risco
de desenvolver o câncer?
O HPV pode ser classificado em tipos
de baixo e de alto risco de desenvolver câncer. Existem 12 tipos
identificados como de alto risco (HPV tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52,
56, 58 e 59) que têm probabilidade maior de persistir e estarem associados a
lesões pré-cancerígenas. O HPV de tipos 16 e 18 causam a maioria dos casos de
câncer do colo de útero em todo mundo (cerca de 70%).
Eles também são responsáveis por até
90% dos casos de câncer de ânus, até 60% dos cânceres de vagina e até 50% dos
casos de câncer vulvar. Os HPV de tipo 6 e 11, encontrados na maioria das
verrugas genitais (ou condilomas genitais) e papilomas laríngeos, parecem não
oferecer nenhum risco de progressão para malignidade.
3. Como o HPV se manifesta?
Na maioria dos casos, o HPV não
apresenta sintomas e é eliminado pelo organismo espontaneamente.O HPV pode
ficar no organismo durante anos sem a manifestação de sinais e sintomas. Em uma
pequena porcentagem de pessoas, determinados tipos de HPV podem persistir
durante um período mais longo, permitindo o desenvolvimento de alterações das
células, que podem evoluir para as doenças relacionadas ao vírus.
Essas alterações nas células podem
causar verrugas genitais, lesão pré-maligna de câncer (também chamada de lesão
precursora), vários tipos de cânceres, como os do colo de útero, vagina, vulva,
ânus, pênis e orofaringe, bem como a Papilomatose Respiratória Recorrente
(PRR).
4. As verrugas genitais são muito comuns?
Estima-se que aproximadamente 10% das
pessoas (homens e mulheres) terão verrugas genitais ao longo de suas vidas. As
verrugas genitais podem aparecer semanas ou meses após o contato sexual com uma
pessoa infectada pelo HPV.
5. O que é a Papilomatose Respiratória Recorrente?
A Papilomatose Respiratória
Recorrente (PRR) da criança é uma doença rara, mas potencialmente ameaçadora da
vida e que atinge o trato respiratório com predileção pela laringe e traqueia.
É o tumor benigno epitelial da via
respiratória que mais frequentemente afeta a laringe, podendo estender-se a
todo o trato respiratório. Um dos principais sinais e sintomas é a rouquidão e
obstrução das vias respiratórias.
Uma criança pode desenvolver a PRR se
a mãe estiver infectada com HPV e passar a infecção para a criança
durante o parto normal.
6. Como o HPV é transmitido?
O vírus HPV é altamente contagioso,
sendo possível contaminar-se com uma única exposição, e a sua transmissão
acontece por contato direto com a pele ou mucosa infectada. A principal forma é
pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo
manual-genital. Portanto, o contágio com o HPV pode ocorrer mesmo na ausência
de penetração vaginal ou anal.
Também pode haver transmissão durante
o parto. Embora seja raro, o vírus pode propagar-se também por meio de contato
com a mão.
Como muitas pessoas portadoras do
HPV não apresentam nenhum sinal ou sintoma, elas não sabem que são
portadoras do vírus, mas podem transmiti-lo.
7. O que ocorre quando um indivíduo é infectado
pelo HPV ?
De forma geral, o organismo pode
reagir de três maneiras:
• A maioria dos indivíduos consegue
eliminar o vírus naturalmente em cerca de 18 meses, sem que ocorra nenhuma
manifestação clínica.
• Em um pequeno número de casos, o
vírus pode se multiplicar e então provocar o aparecimento de lesões, como as
verrugas genitais (visíveis a olho nu) ou “lesões microscópicas” que só são
visíveis através de aparelhos com lente de aumento.
Tecnicamente, a lesão “microscópica”
é chamada de lesão subclínica. Sabe-se que a verruga genital é altamente
contagiosa e que a infecção subclínica tem menor poder de transmissão, porém
esta particularidade ainda continua sendo muito estudada.
• O vírus pode permanecer no
organismo por vários anos, sem causar nenhuma manifestação clínica e/ou
subclínica. A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a
multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões
clínicas e/ou subclínicas.
8. Os HPV são facilmente transmitidos?
A taxa de transmissibilidade depende
tanto dos fatores virais quanto do hospedeiro, mas de uma forma geral, o risco
de transmissão é de 65% para as lesões verrucosas e 25% para as lesões
subclínicas. Assim, pode-se dizer que o HPV é o principal vírus relacionado com
as DST em qualquer lugar do mundo.
Como nas infecções latentes não há
expressão viral, estas infecções não são transmissíveis.
Porém, a maioria das infecções é
transitória. Na maioria das vezes, o sistema imunológico consegue combater de
maneira eficiente esta infecção alcançando a cura, com eliminação completa do
vírus, principalmente entre as pessoas mais jovens.
9. A transmissão só ocorre na presença de
verrugas?
Não. Na presença de lesões planas,
não visíveis a olho nu, pode haver transmissão.
10. Em que locais do corpo são encontrados
os HPV?
As lesões clínicas mais comuns
ocorrem nas regiões anogenitais como vulva, vagina, ânus e pênis. Porém,
esta infecção pode aparecer em qualquer parte do nosso corpo, bastando ter o
contato do vírus com a pele ou mucosa com alguma lesão, ou seja, pele e mucosas
não íntegras.
Manifestações extragenitais mais
frequentes são observadas na cavidade oral e trato aerodigestivo, tanto benigno
quanto malignas. Uma lesão particularmente agressiva pode ocorrer em crianças
ou adolescentes que foram contaminados no momento do parto, desenvolvendo
lesões verrucosas nas cordas vocais e laringe (PRR), sendo necessários inúmeros
tratamentos cirúrgicos.
11. Quanto tempo após o indivíduo ser
infectado surgem as lesões ou as verrugas genitais?
O período necessário para surgirem as
primeiras manifestações da infecção pelo HPV é de aproximadamente 2 a 8 meses,
mas pode demorar até 20 anos. Assim, devido a esta ampla variabilidade para que
apareça uma lesão, torna-se praticamente impossível determinar em que época e
de que forma um indivíduo foi infectado pelo HPV.
12. A evolução da infecção pelo HPV é
igual para o homem e para a mulher?
Tanto o homem como a mulher
infectados pelo HPV, na maioria das vezes, desconhecem que são portadores do
vírus, especialmente quando não apresentam verrugas visíveis, mas podem
transmitir o vírus aos seus parceiros sexuais.
No entanto, a evolução, a
manifestação e o tratamento são diferentes no homem e na mulher. Isto se deve,
principalmente, às diferenças anatômicas e hormonais existentes entre os sexos.
O órgão genital da mulher possibilita maior desenvolvimento e multiplicação do
HPV, podendo ocorrer complicações mais sérias, como lesões, que, se não
tratadas, podem evoluir para câncer.
13. É possível que indivíduos que não
tenham relações sexuais há vários anos possam vir a desenvolver verrugas
genitais?
Sim. O contato com o vírus HPV pode
ter ocorrido há vários anos e este permaneceu no organismo. A diminuição da
resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e,
consequentemente, provocar o aparecimento de lesões clínicas e/ou subclínicas.
14. O que pode ocorrer durante a
gestação quando há infecção por HPV?
Devido às alterações hormonais que
ocorrem durante a gestação, as verrugas podem aumentar em tamanho e número.
Somente se as lesões forem muito grandes a ponto de interferir na passagem do
bebê pelo canal de parto é que a cesariana poderá ser indicada. Caso contrário,
lesões pequenas, microscópicas ou latentes
não contraindicam o parto vaginal.
Existe a possibilidade de o HPV ser
transmitido para o feto ou recém-nascido e causar verrugas na laringe do
recém-nascido e/ou verrugas na genitália.
Entretanto, o risco parece ser maior nos
casos, de lesões como as verrugas genitais. Mesmo nestes casos o risco de
ocorrer este tipo de transmissão é baixo. É muito importante que a gestante
informe ao seu médico, durante o pré-natal, se ela ou seu parceiro
sexual já tiveram ou têm HPV.
15. Como suspeitar da infecção pelo HPV?
Devido ao fato de o HPV comumente não
apresentar nenhum sintoma, as pessoas não têm como saber que são portadoras do
vírus. A maioria das mulheres descobre que tem HPV por intermédio de um
resultado anormal do Papanicolau, exame que ajuda a detector células anormais
no revestimento do colo de útero, que podem ser tratadas antes de se tornarem
câncer.
O câncer do colo de útero é um dos
mais fáceis de serem prevenidos, por isso é tão importante fazer o
exame de Papanicolau regularmente.
16. Como o HPV pode ser diagnosticado em
homens e mulheres?
As verrugas genitais encontradas no
ânus, no pênis, na vulva, ou em qualquer area de pele podem ser diagnosticadas
pelos exames urológico (pênis), ginecológico (vulva) e dermatológico (pele),
enquanto o diagnóstico subclínico das lesões precursoras do câncer do colo de
útero, produzidas pelos papilomavírus, pode ser realizado pelo exame
citopatológico (exame preventivo de Papanicolau).
A confirmação da infecção pelo HPV
pode ser feita por exames laboratoriais de diagnóstico molecular como os testes
de captura híbrida e PCR.
O diagnóstico do HPV é atualmente
realizado por meio de exames de biologia molecular, que mostram a presença do
DNA do vírus. Entretanto, não é indicado procurar diagnosticar a presença do
HPV, mas sim quando há algum tipo de lesão clínica ou subclínica.
O diagnóstico das verrugas
anogenitais pode ser feito em homens e em mulheres por meio do exame clínico.
As lesões subclínicas podem ser
diagnosticadas por meio de exames laboratoriais (citopatológico, histopatológico
e de biologia molecular) ou do uso de instrumentos com poder de magnificação
(lentes de aumento), após a aplicação de reagentes químicos para contraste (colposcopia,
peniscopia, anuscopia). E, para distinguir a lesão benigna da maligna, são
realizadas biópsias e confirmação histopatológica.
17. Qual a relação entre HPV e câncer?
A infecção pelo HPV é muito frequente
embora seja transitória, regredindo espontaneamente na maioria das vezes. No
pequeno número de casos nos quais a infecção persiste pode ocorrer o
desenvolvimento de lesões precursoras que, se não forem identificadas e
tratadas, podem progredir para o câncer, principalmente no colo do útero, mas
também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca.
18. Quais os tipos de HPV mais comuns
que podem causar câncer?
Pelo menos 12 tipos de HPV são
considerados oncogênicos, apresentando maior risco ou probabilidade de provocar
infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras.
Dentre os HPV de alto risco
oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo
de útero.
19. O que é câncer do colo de útero?
O câncer do colo de útero é uma
doença grave e pode ser uma ameaça à vida das mulheres. É caracterizado pelo
crescimento anormal de células do colo do útero, que é a parte inferior do
útero que fica em contato com a vagina.
Quando uma mulher se contagia com
certos tipos de HPV, se as defesas imunológicas do seu corpo não são capazes de
eliminar a infecção, pode ocorrer o desenvolvimento de células anormais no revestimento
do colo do útero.
Se não forem descobertas e tratadas a
tempo, as células anormais podem evoluir de um pré-câncer para um câncer. O
processo geralmente leva vários anos e pode apresentar sintomas como
sangramento vaginal, corrimento e dor.
Cerca de metade de todas as mulheres
diagnosticadas com câncer do colo de útero tem entre 35 e 55 anos de idade.
Muitas provavelmente foram expostas ao HPV na adolescência ou na faixa dos 20
anos de idade. Dados da Organização Mundial da Saúde de 2008 apontam que, todos
os anos, no mundo inteiro, 500 mil mulheres são diagnosticadas com a doença,
das quais cerca de 270 mil morrem.
20. Onde é possível fazer os exames
preventivos do câncer do colo de útero?
Postos de coleta de exames
preventivos ginecológicos do Sistema Único de Saúde (SUS) estão disponíveis em
todos os Estados da Federação e os exames são gratuitos. Procure a Secretaria
de Saúde de seu município para obter informações sobre o posto de coleta mais
próximo de sua residência.
21. Qual é o risco de uma mulher
infectada pelo HPV desenvolver câncer do colo de útero?
Aproximadamente 291 milhões de
mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelo
tipo 16 ou 18, ou por ambos. Comparando-se esse dado com a incidência anual de
aproximadamente 500 mil casos de câncer do colo de útero, conclui-se que o
câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV. Portanto, a
infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente, para o
desenvolvimento do câncer do colo de útero.
22. Quanto tempo leva para o HPV causar uma
doença relacionada?
Habitualmente, o HPV leva de dois a
oito meses após o contágio para se manifestar, mas podem se passar diversos
anos antes do diagnóstico de uma lesão pré-maligna ou maligna.
Devido a essa dificuldade de
diagnóstico, torna-se impossível determinar com exatidão em que época e de que
maneira o indivíduo foi infectado.
23. Todas as mulheres que têm o HPV desenvolvem
câncer do colo de útero?
Geralmente, as defesas imunológicas
do corpo são suficientes para eliminar o vírus. Entretanto, em algumas pessoas,
certos tipos de HPV podem desenvolver verrugas genitais ou alterações benignas
(anormais, porém não cancerosas) no colo do útero. Essas alterações são
provocadas pela persistência do vírus de alto risco e ocorrem na minoria das
mulheres infectadas.
As células anormais, se não forem
detectadas e tratadas, podem levar ao pré-câncer ou ao câncer. Na
maioria das vezes, o desenvolvimento do câncer do colo de útero demora vários
anos, muito embora, em casos raros, ele possa se desenvolver em períodos mais
curtos. Essa é a razão pela qual a detecção precoce, através do exame preventivo (Papanicolau) é tão importante.
24. Há algum fator que aumenta o risco
de desenvolver câncer do colo de útero ou acelerar sua progressão?
Há cofatores que aumentam o potencial
de desenvolvimento do câncer genital em mulheres infectadas pelo papilomavírus:
número elevado de gestações, uso de contraceptivos orais, tabagismo, infecção
pelo HIV e outras doenças sexualmente transmitidas (como herpes e clamídia).
A progressão tumoral a partir da
infecção de células normais por HPV parece estar condicionada a fatores
relacionados ao vírus (tipo do vírus) e fatores relacionados ao hospedeiro (tabagismo,
uso de contraceptivos orais, multiparidade, imunossupressão).
25. Há cura para a infecção pelo HPV?
Na maioria das vezes, o sistema imune
consegue combater de maneira eficiente a infecção pelo HPV, alcançando a cura
com eliminação completa do vírus, principalmente entre as pessoas mais jovens.
Algumas infecções, porém, persistem e podem causar lesões.
As melhores formas de prevenir essas
infecções são a vacinação preventiva e o uso regular de preservativo. É
importante ressaltar que qualquer lesão causada pelo HPV precisa de
acompanhamento.
26. As verrugas genitais podem
desaparecer naturalmente, sem nenhum tipo de tratamento?
Não há como saber se as verrugas
genitais desaparecerão ou crescerão. Dependendo de seu tamanho e localização,
existem várias opções de tratamento.
O médico pode escolher a aplicação de
um creme ou solução especial nas verrugas ou ainda remover algumas delas por congelamento,
cauterização ou a laser. Se as verrugas genitais não responderem a esses
tratamentos,o médico pode utilizar a cirurgia para
removê-las.
Em 25% dos casos, as verrugas são reincidentes,
reaparecendo mesmo após o tratamento.
27. Como se prevenir da transmissão do
HPV?
A transmissão do HPV se faz por contato direto com a pele ou mucosa infectada. Na maioria das vezes (95%), é
transmitido através da relação sexual, mas em 5% das vezes poderá ser através
das mãos contaminadas pelo vírus, objetos, toalhas e roupas, desde que haja
secreção com o vírus vivo em contato com a pele ou mucosa não íntegra.
As medidas de prevenção mais importantes
são:
• Uso do preservativo (camisinha) nas relações sexuais. É importante ressaltar que o seu uso, apesar de prevenir a maioria das DSTs, não impede totalmente a infecção pelo HPV, pois,
frequentemente as lesões estão presentes em áreas não protegidas
pela camisinha. Na presença de infecção na vulva, na região
pubiana, perineal e perianal ou na bolsa escrotal, o HPV poderá ser
transmitido apesar do uso do preservativo.
A camisinha feminina, que cobre também
a vulva, evita mais eficazmente o contágio se utilizada desde o
início da relação sexual.
• Evitar ter muitos parceiros ou
parceiras sexuais.
• Realizar a higiene pessoal.
• Vacinar-se contra o HPV.
ATENÇÃO!
A vacina quadrivalente será oferecida
no SUS gratuitamente, a partir de 2014, para adolescentes de 11 a 13 anos; em
2015 para adolescentes de 9 a 11 anos; a partir de 2016 para meninas de 9 anos.
Ressalta-se que a vacina não é terapêutica, ou seja, não há eficácia contra
infecções ou lesões já existentes.
28. O uso do preservativo impede totalmente
o contágio pelo HPV ?
Calcula-se que o uso da camisinha
consiga barrar entre 70% e 80% a transmissão do HPV e seu uso é sempre
recomendável, pois é um método eficaz na prevenção de inúmeras doenças como a
AIDS, as hepatites B, C e Delta e a sífilis.
29. Qual a importância do exame de
Papanicolau para detecção do HPV e prevenção do cancer do colo de útero?
O Papanicolau, exame ginecológico
preventivo mais comum (também denominado citologia cérvico-vaginal oncótica ou
exame preventivo ginecológico), detecta as alterações que o HPV pode causar nas
células e um possível câncer, mas não é capaz de diagnosticar a presença do vírus,
no entanto, é considerado o melhor método para detectar o câncer do colo de
útero e suas lesões precursoras.
Quando essas alterações que antecedem
o câncer são identificadas e
tratadas, é possível prevenir 100%
dos casos. O exame deve ser feito, preferencialmente, pelas mulheres entre 25 a
64 anos, que têm ou já tiveram atividade sexual.
Os dois primeiros exames devem ser feitos
com intervalo de um ano e, se os resultados forem normais, o exame passará a
ser realizado a cada três anos, conforme diretrizes do Ministério da Saúde.
O exame é um procedimento seguro, com
pouco ou nenhum incômodo, realizado em alguns minutos. Adolescentes que já
iniciaram sua vida sexual devem consultar o médico ginecologista para exame
ginecológico.
30. Quais os riscos da infecção por HPV em
mulheres grávidas?
O HPV na gravidez pode levar ao
aumento do número de verrugas na região genital, devido às alterações
hormonais, baixa da imunidade e aumento da vascularização da região, questões
típicas desta fase.
31. Qual o risco para o feto de mulheres
que apresentam HPV na gestação?
Na maior parte das vezes, mesmo os
bebês que são contaminados na hora do parto não chegam a manifestar a doença.
Contudo, existe a possibilidade de contaminação do bebê, afetando a região oral,
genital, ocular e laríngea.
Se as verrugas genitais estiverem
presentes dentro do canal de parto, o médico deverá realizar uma cesárea para
evitar que o bebê seja contaminado com o vírus.
Se as verrugas estiverem localizadas em
áreas por onde será mais difícil o bebê entrar em contato, o parto normal
continua sendo o mais indicado. A ocorrência de HPV durante a concepção não
impede o parto vaginal (parto normal).
A via de parto (normal ou cesariana)
deverá ser determinada pelo médico, após a análise individual de cada
caso.
32. No Brasil existem dois tipos de
vacina HPV. Qual a diferença entre elas?
Até o momento foram desenvolvidas e
registradas duas vacinas HPV. A vacina
quadrivalente recombinante, que confere proteção contra HPV tipos 6, 11, 16
e 18, e a vacina bivalente que
confere proteção contra HPV tipos 16 e 18.
A vacina quadrivalente está aprovada
no Brasil para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas do colo do útero, de
vulva e de vagina em mulheres, e anal em ambos os sexos, relacionadas aos HPV
16 e 18, e verrugas genitais em mulheres e homens, relacionadas aos HPV 6 e 11.
A vacina bivalente está aprovada para
prevenção de lesões genitais pré-cancerosas do colo do útero em mulheres,
relacionadas aos HPV 16 e 18.
Conforme registro na Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA), essas vacinas têm indicações para faixas
etárias distintas.
A vacina quadrivalente tem indicação
para mulheres e homens entre 9 e 26 anos de idade, e a vacina bivalente tem
indicação para mulheres a partir de 9 anos, sem restrição de idade.
O prazo de validade do produto
quadrivalente é de três anos, enquanto o prazo de validade da bivalente é de
quatro anos.
33. Como a vacina HPV funciona?
Estimulando a produção de anticorpos
específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da
quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença destes anticorpos
no local da infecção e a sua persistência durante um longo período.
34. A vacina HPV pode causar infecção
pelo vírus? Como ela é feita?
Não. No desenvolvimento da vacina
quadrivalente conseguiu-se identificar a parte principal do DNA do HPV que o
codifica para a fabricação do capsídeo viral (parte que envolve o genoma do
vírus).
Depois, usando-se um fungo
(Sacaromices cerevisiae), obteve-se apenas a “capa” do vírus, que em testes
preliminares mostrou induzir fortemente a produção de anticorpos quando
administrada em humanos.
Essa “capa” viral, sem qualquer
genoma em seu interior, é chamada de partícula semelhante a vírus (em inglês,
vírus like particle – VLP). O passo seguinte foi estabelecer a melhor
quantidade de VLP e testá-la em humanos, na prevenção de lesões induzidas por
HPV.
Para que não haja dúvidas sobre o
poder não infeccioso das VLP, imagine-se o seguinte: um mamão inteiro, com um
monte de sementes (material genético) no seu interior, ao cair em um terreno
fértil originará um (ou mais) mamoeiro. Mas, se todas as sementes forem
retiradas do interior do mamão, mesmo que plantado em um bom terreno, jamais
nascerá um pé de mamão.
No caso das VLP, elas imitam o HPV,
fazendo com que o organismo identifique tal estrutura como um invasor e produza
contra ele um mecanismo de proteção.
35. A vacina será oferecida no SUS?
Sim. A vacina HPV será ofertada para
adolescentes entre 9 e 13 anos de idade, nas unidades básicas de saúde e também
em escolas públicas e privadas, de forma articulada com as unidades de saúde de
cada região. No entanto, a implantação será
gradativa.
Em 2014, a população-alvo da
vacinação contra HPV será composta por adolescentes do sexo feminino, na faixa
etária de 11 a 13 anos. Em 2015, serão vacinadas as adolescentes na faixa
etária de 9 a 11 anos e, a partir de 2016, serão vacinadas as meninas de 9 anos
de idade.
No caso da população indígena, a
população-alvo da vacinação é composta por meninas na faixa etária de 9 a 13
anos, no ano da introdução da vacina (2014) e de 9 anos de idade do segundo ano
(2015) em diante.
36. Qual é a meta da vacinação contra
HPV definida pelo Ministério da Saúde?
A meta é vacinar pelo menos 80% do
grupo-alvo, conforme a população-alvo definida para cada ano. O impacto da
vacinação em termos de saúde coletiva se dá pelo alcance de 80% de cobertura
vacinal. Ao se atingir altas coberturas vacinais, poderá ocorrer uma “imunidade coletiva ou de rebanho”, ou
seja, há a possibilidade de redução da transmissão mesmo entre as pessoas não
vacinadas.
37. Por que o Ministério da Saúde
estabeleceu a faixa etária de 9 a 13 anos para a vacinação?
Nas meninas entre 9 e 13 anos não
expostas aos tipos de HPV 6, 11, 16 e 18, a vacina é altamente eficaz,
induzindo a produção de anticorpos em quantidade dez vezes maior do que a encontrada
em infecção naturalmente adquirida em um prazo de dois anos.
A época mais favorável para a
vacinação é nesta faixa etária, de preferência antes do início da atividade
sexual, ou seja, antes da exposição ao vírus. Estudos também verificaram que nesta
faixa etária a vacina quadrivalente induz melhor resposta quando comparada em
adultos jovens, e que meninas vacinadas sem contato prévio com HPV têm maiores
chances de proteção contra lesões que podem provocar o câncer uterino.
38. Quantas doses são necessárias para a
imunização?
O esquema completo de vacinação é
composto de três doses. O esquema normal da vacina (0, 2 e 6 meses) é 1ª dose,
2ª dose após dois meses e 3ª dose após seis meses.
No entanto, o Ministério da Saúde
adotará o esquema estendido (0, 6 e 60 meses): 1ª dose, 2ª dose seis meses depois,
e 3ª dose após cinco anos da 1ª dose da vacinação será as adolescentes das
seguintes idades:
Ano
|
Faixa etária
|
Público-alvo
|
Meta de vacinação
(80% do público-alvo)
|
2014
|
11 a 13 anos
|
5,2 milhões
|
4,2 milhões
|
2015
|
9 a 11 anos
|
5,2 milhões
|
4,2 milhões
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2016
|
9 anos
|
1,6 milhões
|
1,3 milhões
|
39. Por que o Ministério da Saúde
adotará o esquema estendido de vacinação?
O Ministério da Saúde adotará o
esquema vacinal estendido, composto por três doses (0, 6 e 60 meses), a partir
da recomendação do Grupo Técnico Assessor de Imunizações da Organização Pan-Americana
de Saúde (TAG/OPAS), após aprovação pelo Comitê Técnico Assessor de Imunizações
do PNI.
Até maio de 2013, a vacina HPV havia
sido introduzida em 51 países como estratégia de saúde pública. As experiências
de implantação da vacina HPV têm mostrado variações quanto à escolha e
administração das vacinas.
Estudos clínicos randomizados são
realizados para avaliar a resposta imune da vacina HPV com esquemas vacinais
alternativos, tanto com ampliação do intervalo entre as doses, quanto com a
redução do número de doses.
Os estudos de imunogenicidade com
duas doses da vacina quadrivalente no grupo de meninas de 9 a 13 anos em
comparação com três doses no grupo de mulheres jovens de 16 a 26 anos,
mostraram que o critério de não inferioridade foi observado, havendo,
inclusive, maiores títulos de anticorpos no primeiro grupo.
Outro ponto interessante se refere ao
fato de que quanto maiores os intervalos entre as primeiras duas doses de
vacina quadrivalente, maiores são os títulos de anticorpos obtidos imediatamente
antes da terceira dose, o que pode resultar em resposta imunológica mais
robusta em adolescentes e adultos jovens.
O esquema estendido já foi adotado
por países como Canadá (Quebec e British Columbia), México, Colômbia e Suíça. Vantagens
do esquema vacinal estendido:
• O esquema estendido seguirá a
recomendação do TAG, emitida em julho de 2013, e já adotada por países como
Canadá (Quebec e British Columbia), México, Colômbia e Suíça;
• Com a adoção desse esquema, será
possível ampliar a vacinação do grupo-alvo inicialmente proposto de
adolescentes de 10 a 11 anos, para adolescentes de 9 a 13 anos de idade,
oportunizando, assim, o acesso à vacinação a mais três faixas etárias;
• O maior intervalo entre a segunda
dose e a terceira pode resultar em resposta imunológica mais robusta entre as
adolescentes;
• Nos cinco primeiros anos serão
administradas duas doses, o que aumenta a adesão ao esquema vacinal e,
consequentemente, o alcance das coberturas vacinais preconizadas; e,
• Um maior intervalo entre a primeira e segunda dose e a realização da vacinação contra HPV não concomitante
com campanhas de vacinação contra influenza e poliomielite
reduzirá a carga de trabalho das equipes de vacinação e propiciará melhor
atendimento aos usuários, havendo maior chance de obtenção de altas coberturas vacinais
sem impactar nas coberturas das demais vacinas.
40. A vacina é administrada por via oral
ou é injeção?
É administrada por via intramuscular –
injeção de apenas 0,5 ml em cada dose.
41. Meninas que já tiveram diagnóstico
de HPV podem se vacinar?
Sim. Existem estudos com evidências
promissoras de que a vacina previne a reinfecção ou a reativação da doença
relacionada ao vírus nela contido.
42. Em quanto tempo são esperados os
efeitos da vacinação na redução das lesões, da incidência do câncer do colo de
útero e na mortalidade pela doença?
Os efeitos na redução da incidência
do câncer do colo de útero e da mortalidade pela doença serão observados em
longo prazo, em torno de dez a quinze anos após o início da vacinação.
No caso das verrugas genitais, que
possuem período de incubação curto, é possível verificar o efeito em menor tempo.
Na Austrália, país que implantou a vacina HPV quadrivalente em 2007, após
quatro anos foi observada redução significativa das verrugas genitais, com seu
quase desaparecimento em mulheres menores de 21 anos.
43. Por que a vacina HPV não será
ofertada para todas as mulheres?
A vacina é potencialmente mais eficaz
para adolescentes vacinadas antes do seu primeiro contato sexual, uma vez que a
contaminação por HPV ocorre concomitantemente ao início da atividade sexual.
O impacto da vacinação, em termos de
saúde coletiva, só acontece pelo alcance de altas coberturas vacinais,
portanto, para se atingir o objetivo de reduzir a incidência do câncer de colo
de útero nas próximas décadas, o SUS deve concentrar seus esforços na vacinação
na população-alvo definida para se atingir a meta de redução da
morbimortalidade por câncer do colo de útero na população brasileira.
44. Alguns pesquisadores defendem a
vacinação de meninos. Por que o Ministério da Saúde não incluiu os homens na
estratégia de vacinação?
Como o objetivo desta estratégia de
vacinação é reduzir casos e mortes ocasionados pelo câncer do colo de útero, a
vacinação será restrita ao sexo feminino.
Estudos comprovam que os meninos
passam a ser protegidos indiretamente com a vacinação no grupo feminino
(imunidade coletiva ou de rebanho), havendo drástica redução na transmissão de
verrugas genitais entre homens após a implantação da vacina HPV como estratégia
de saúde pública.
45. É necessário fazer o exame para
pesquisa de HPV antes de tomar a vacina?
Não. A realização dos testes de DNA
HPV não é condição prévia ou exigência para a vacinação.
46. A proteção dura a vida toda?
A duração da imunidade conferida pela
vacina ainda não foi determinada, principalmente pelo pouco tempo em que é
comercializada no mundo (2007). Até o momento, só se tem convicção de 9,4 anos
de proteção.
Na verdade, embora se trate da mais
importante novidade surgida na prevenção à infecção pelo HPV, ainda é preciso
aguardar o resultado dos estudos em andamento em mais de 20 países para
delimitar qual é o seu alcance sobre a incidência e a mortalidade do câncer do
colo de útero, bem como fornecer mais dados sobre a
duração da proteção e necessidade de dose(s) de reforço.
47. A vacinação contra HPV substituirá o
exame de Papanicolau?
Não. É importante lembrar que a
vacinação é uma ferramenta de prevenção primária e não substitui o
rastreamento do câncer do colo de útero em mulheres na faixa etária entre 25 e
64 anos.
Assim, as meninas vacinadas só terão recomendação
para o rastreamento quando alcançarem a faixa etária preconizada para o exame
Papanicolau e já tiverem vida sexual ativa.
É imprescindível manter a realização
do exame preventivo (exame de Papanicolau), pois as vacinas protegem apenas
contra dois tipos oncogênicos de HPV, responsáveis por cerca de 70% dos casos
de câncer do colo de útero. Ou seja, 30% dos casos de câncer causados pelos
outros tipos oncogênicos de HPV vão continuar ocorrendo se não for realizada a
prevenção secundária, ou seja, pelo rastreamento (exame Papanicolau).
48. Mesmo vacinada, será necessário utilizar
preservativo durante a relação sexual?
Sim, pois é imprescindível manter a
prevenção contra outras doenças transmitidas por via sexual, tais como HIV,
sífilis, hepatite B, etc.
Uma pessoa vacinada ficará protegida
contra alguns tipos de HPV contidos na vacina: na vacina bivalente contra os
HPV 16 e 18 e na vacina quadrivalente contra os HPV 6, 11, 16 e 18.
No entanto, existem mais de 150 tipos
diferentes de HPV, dos quais 40 podem infectar o trato genital.
Destes, 12 são de alto risco e podem
provocar câncer (são oncogênicos) e outros podem causar verrugas
genitais.
49. Havendo grande aceitação na
aplicação da vacina HPV será possível imaginar que, no futuro, os casos de
câncer do colo de útero aumentem muito à custa de outros tipos de HPV que não
estão nas vacinas e porque, também, as pessoas vacinadas vão perder o medo e
ter mais relações desprotegidas?
Não há nenhuma evidência de que isso
se torne uma verdade. Pelo contrário, a população que usa a proteção das
vacinas acaba tendo mais entendimento dos problemas e agregam mais valores de
proteção para a sua saúde e de seus familiares.
Por exemplo, não é fato rotineiro uma
pessoa tomar vacina contra hepatite A e sair por aí tomando qualquer água ou
banhando-se em águas sujas.
50. A vacina HPV pode ser administrada concomitantemente
com outra vacina?
A vacina HPV pode ser administrada
simultaneamente com outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação do PNI,
sem interferências na resposta de anticorpos a qualquer uma das vacinas. Quando
a vacinação simultânea for necessária, devem ser utilizadas agulhas, seringas e
regiões anatômicas distintas.
51. A vacina HPV provoca algum efeito colateral
(evento adverso)?
A vacina HPV é uma vacina muito
segura, desenvolvida por engenharia genética, com a ocorrência de eventos
adversos leves como dor no local da aplicação, inchaço e eritema. Em casos
raros, pode ocasionar dor de cabeça, febre de 38ºC ou mais e síncope (ou
desmaios).
A síncope mais frequente em
adolescentes e adultos jovens é a síncope vasovagal, particularmente comum em
pessoas com alguma particularidade emocional. Geralmente, há algum estímulo
desencadeante como dor intensa, expectativa de dor ou um choque emocional súbito.
Vários fatores, tais como jejum
prolongado, medo da injeção, locais quentes ou superlotados, permanência de pé
por longo tempo e fadiga, podem aumentar a probabilidade de sua ocorrência.
É importante ressaltar que a
ocorrência de desmaios durante a vacinação contra HPV não está relacionada à
vacina especificamente, mas sim ao processo de vacinação, que pode acontecer
com a aplicação de qualquer produto injetável (ou injeção).
52. O que fazer caso sinta alguns desses
sintomas após ser vacinado contra o HPV ?
Procurar uma unidade de saúde mais
próxima relatando o que sentiu ou o que está sentindo. Recomenda-se que a
adolescente permaneça sentada por 15 minutos, sem fazer movimentos drásticos, e
não praticar esportes para prevenir possíveis ocorrências de síncopes.
53. Há algum registro de ocorrência de
evento grave por decorrência da vacina?
Até o momento não há conhecimento de nenhum
efeito colateral grave relacionado à vacinação contra HPV.
54. A vacina HPV causa má-formação genética
ou congênita aos bebês (efeito teratogênico)?
Até a presente data não existe
qualquer relato sobre dano para o feto caso a mulher engravide no curso do esquema
vacinal contra HPV.
No entanto, por precaução,
recomenda-se que uma pessoa que queira engravidar em seguida à administração
das doses de vacina HPV espere, pelo menos, um mês após a aplicação da dose.
Havendo gravidez entre os intervalos das doses, o médico assistente deve ser
avisado.
Fazendo uma correlação com outra
vacina fabricada com os mesmos princípios (partículas semelhante a vírus) e que
apresenta uma vasta experiência de utilização, a vacina contra hepatite B, o
esperado é que nada de mal ocorra para o bebê. Atualmente a vacinação contra
hepatite B é recomendada a todas as mulheres grávidas, em qualquer período
gestacional.
Todavia, como as infecções não são idênticas
e como a vacina ainda tem pouco tempo de uso, recomenda-se evitar a vacinação
contra HPV em mulheres grávidas, pelo menos até que tudo fique bem documentado.
55. Em quais situações a vacina HPV não deve
ser administrada?
A vacina HPV é contraindicada e,
portanto, não deve ser administrada nas adolescentes:
• Com hipersensibilidade ao princípio
ativo ou a qualquer um dos excipientes da vacina (ver composição na questão
62);
• Com história de hipersensibilidade
imediata grave à levedura;
• Que desenvolveram sintomas
indicativos de hipersensibilidade grave após receber uma dose da vacina HPV;
• Gestantes, uma vez que não há estudos conclusivos em mulheres grávidas até o presente momento. Se a menina
engravidar após o início do esquema vacinal, as doses
subsequentes deverão ser adiadas até o período pós-parto.
Caso a vacina seja administrada inadvertidamente durante a gravidez, nenhuma intervenção adicional é necessária, somente o acompanhamento pré-natal adequado.
Caso a vacina seja administrada inadvertidamente durante a gravidez, nenhuma intervenção adicional é necessária, somente o acompanhamento pré-natal adequado.
Observação:
A vacina quadrivalente pode ser
administrada em lactantes (mulheres em fase de amamentação), pois as
informações disponíveis não demonstram nenhum efeito prejudicial.
56. A vacina HPV tem reação cruzada com
outros tipos de HPV que não estão incluídos na vacina? Ou seja, tomando vacina
contra uns tipos de HPV fica também protegida para outros?
Como os estudos das vacinas HPV não
foram desenhados para analisar proteção contra outros tipos, não havendo ajuste
para múltipla infecção, todos os dados de proteção cruzada devem ser
interpretados com cautela e como possível ganho adicional.
A vacina HPV parece exibir proteção
cruzada parcial contra outros tipos filogeneticamente relacionados aos
HPV 16 e 18, devendo ser visto como um benefício que talvez possa ocorrer em
alguns indivíduos.
No entanto, de acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar de haver proteção cruzada para ambas
as vacinas, bivalente ou quadrivalente, os estudos existentes ainda não
conseguiram determinar a relevância clínica, tampouco a duração dessa proteção.
57. Como uma pessoa pode saber se tem anticorpos
contra o HPV?
Ainda não existem, de forma comercial
e rotineira, esses exames para uso na prática médica. Os pesquisadores
usam a dosagem de anticorpos em avançados centros de pesquisa e apenas em
indivíduos voluntários que participam de pesquisas em vacinas contra HPV.
58. Qual a estratégia adotada pelo
Ministério da Saúde para sensibilizar os pais sobre a importância de vacinar
suas filhas contra o HPV?
A estratégia é a produção de
materiais educativos para os pais ou responsáveis, adolescentes e profissionais
de saúde e educação esclarecendo os objetivos da vacinação e a sua relevância como
medida de saúde pública para a redução da morbimortalidade do câncer do colo de
útero.
Campanhas massivas na televisão,
cartazes, mídia em geral, redes sociais e grupos de jovens serão, ainda,
estratégias utilizadas para sensibilização. Uma importante estratégia para o alcance
da cobertura vacinal é a realização da vacina nas escolas públicas e privadas.
Ainda, serão realizadas orientações
quanto à necessidade de continuidade do rastreamento da doença e à prevenção
das demais doenças sexualmente transmissíveis.
59. Como os profissionais de saúde,
técnicos e professores nas escolas estão sendo preparados para abordar o tema
com pais de adolescentes e com os próprios adolescentes?
Essas orientações serão realizadas
por meio de mídias sociais, pelos meios de comunicação tradicionais, como
campanhas de massa, distribuição de materiais educativos e manuais voltados aos
diferentes públicos, como professores, adolescentes, pais e responsáveis, profissionais
da saúde e população em geral.
Estão previstas capacitações voltadas aos profissionais das secretarias estaduais e municipais de saúde focando os aspectos de
Estão previstas capacitações voltadas aos profissionais das secretarias estaduais e municipais de saúde focando os aspectos de
prevenção, diagnóstico do câncer do
colo de útero e da vacinação.
60. A Região Norte é a mais afetada pela
doença e uma boa parcela das meninas não tem acesso à escola. Como o Ministério
da Saúde pretende atingir esse público?
A recomendação será a de utilizar não
só os espaços das escolas, mas também das unidades básicas de saúde, com adaptação
às realidades regionais. Adolescentes que não estejam matriculadas em escolas e
que vivem em situação de rua poderão contar com equipes do “Consultório na Rua”,
nas localidades que dispuserem dessa estratégia, assim como contar com o apoio dos
Centros Comunitários, dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e
dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS). A
vacina estará disponível durante todo o ano em todas as salas de vacinação do
país.
61. Como será feita a convocação para a
segunda dose? E a terceira dose?
No momento da administração da
primeira dose, deverá ser entregue uma carta à adolescente orientando sobre
aonde se dirigir para a administração da segunda dose, que ocorrerá na Unidade
Básica de Saúde mais próxima.
Haverá também uma estratégia de
divulgação do período em que será realizada a segunda dose em todos os meios de
comunicação. A adolescente será orientada para receber a terceira dose em uma
Unidade Básica de Saúde mais próxima após cinco anos da primeira dose.
62. Adolescentes que tomaram a 1ª dose
da vacina bivalente poderão continuar o esquema com a vacina quadrivalente?
Recomenda-se que a adolescente
continue o esquema com a mesma vacina nos próprios serviços onde se iniciou a
vacinação contra HPV.
63. O que fazer nos casos em que a adolescente
foi vacinada contra HPV, mas ainda não sabe qual foi o tipo da vacina que já
tomou?
A OMS orienta que, se a vacina com a
qual a adolescente iniciou o esquema não é conhecida ou se a vacina já
administrada não está disponível, deve-se utilizar a vacina disponível na Rede
Pública para completar o esquema.
64. Até quando as adolescentes que foram
incluídas na população-alvo poderão tomar a vacina?
As adolescentes que fizerem parte
dessa coorte poderão tomar a vacina até completarem 13 anos, 11 meses e 29
dias.
65. Caso alguma adolescente inicie o
esquema na rede pública, mas decida tomar a segunda dose aos dois meses na rede
privada, ela poderá tomar a terceira dose aos seis meses na rede pública?
Sim, a adolescente poderá tomar até
duas doses na rede pública, no intervalo de até um ano.
66. Se a adolescente tiver feito a primeira
dose na rede privada antes da campanha ela pode completar o esquema na rede pública?
Sim, a adolescente poderá tomar até
duas doses na rede pública, no intervalo de até um ano.
67. Se a adolescente não puder
comparecer no período de vacinação na escola, ela poderá vacinar em outro
momento na unidade de saúde?
Sim. A vacina será oferecida como rotina
nas unidades de saúde.
68. As adolescentes podem tomar a vacina
sem a autorização dos pais?
Em toda a atenção à saúde de
adolescentes devem ser levados em consideração os fundamentos da ética,
privacidade, confidencialidade e sigilo.
Esses princípios reconhecem os
adolescentes (na faixa etária de 10 a 17 anos de idade) como sujeitos capazes
de tomarem decisões de forma responsável. Sendo assim, não há necessidade de
autorização dos pais ou responsáveis para receber
qualquer vacina nos postos de saúde.
No entanto, por se tratar de uma
importante ação de saúde pública e ter como estratégia a vacinação nas escolas,
aqueles pais que se recusarem a permitir que seus filhos sejam vacinados nas
escolas deverão preencher o Termo de Recusa de vacinação contra HPV e enviar
para a escola durante o período em que ocorrer a vacinação nestas localidades.
Os pais devem receber uma comunicação
da escola e da secretaria de saúde municipal informando sobre os dias em que
será realizada a vacinação no local em que o seu filho estuda.
69. Caso a adolescente, pai ou
responsável, escolha o esquema de vacinação contra HPV de 0 (zero), 2 e 6 meses
e quiseram comprar
a 2ª dose da vacina quadrivalente na
rede privada, poderá a 3ª dose ser realizada na rede pública?
Sim.
70. O que fazer na ocorrência de possível
evento adverso pós-vacinação?
Além das reações locais (dor, edema e
eritema) e manifestações sistêmicas (cefaleia, febre ≥ 38ºC, síncope), o
profissional de saúde da sala de vacina deve estar atento aos casos de síncope (desmaio).
O desmaio pode ocorrer após qualquer
aplicação de produto injetável, especialmente em adolescentes e adultos jovens.
Fatores como jejum prolongado, medo da injeção, locais quentes ou superlotados,
permanência de pé por longo tempo e fadiga podem aumentar a probabilidade de
sua ocorrência.
Portanto, recomenda-se vacinar as
adolescentes, se possível sentadas, e permanecer por 15 minutos sem fazer
movimentos drásticos, e não praticar esportes.
Os casos de eventos adversos graves
deverão ser notificados dentro das primeiras 24 horas de sua ocorrência, do
nível local até o nacional, seguindo os fluxos de informação e de investigação
descritos no Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos
Pós-vacinação, do Ministério da Saúde.
71. Como será feito o registro das doses
aplicadas?
Deverão ser registradas nominalmente
na planilha de controle (Ficha de Registro do Vacinado – Modelo do Informe
Técnico da Vacina HPV). Esta orientação se aplica a todas as unidades, com ou sem
sistema SIPNI instalado.
72. Que outras ações de prevenção do
câncer do colo de útero devem ser realizadas além da vacinação contra HPV?
As ações de promoção da saúde e
prevenção do câncer do colo de útero incluem, além da vacina contra o
papilomavírus humano, ações educativas que visem o controle da doença e a
realização de exames citopatológico cérvico-vaginal (exame Papanicolau) para
rastreamento do câncer em mulheres com idade entre 25 a 64 anos, como preconiza
o INCA/Ministério da Saúde.
Fonte:
♦ Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer, Instituto Nacional
de Ciência e Tecnologia das Doenças Associadas ao Papilomavírus, Secretaria
Estadual da Saúde, professor de medicina da UFRGS Paulo Naud.
♦ Guia Prático sobre o HPV – Perguntas e Respostas (Ministério da Saúde)
Tire suas Dúvidas:
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Nos estados: Secretarias Estaduais de Saúde e Coordenações
Estaduais de Imunizações;
Nos municípios:
Secretarias Municipais de Saúde, Serviços de Vacinação e Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).
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