Como sempre, atrasada... E,
para variar, o trânsito estava um caos...
Pois é, cada dia que passa temos mais carros nas ruas, dificultando assim o
fluxo dos veículos e, consequentemente, os engarrafamentos passam
a fazer parte do dia a dia de qualquer cidadão que se atreve a sair de casa, nos
horários de pico, para cumprir com suas obrigações.
Por outro lado, hoje,
segunda-feira — particularmente, nunca gostei do 1º dia da semana, mas em
contrapartida adoro sexta-feira — é um daqueles dias em que todos estão
atrasados e, é claro, eu, como qualquer dona de casa, aposentada, vó, e com a
responsabilidade de levar as crianças à escola, imaginem meu desespero!!!.
O fato é que sempre estou
atrasada — um dos meus calcanhar de aquiles: estar em cima da hora! — mas, diga-se de passagem, eu nunca considerei
atraso, apenas pontualidade, já que entre mortos e feridos eu estava lá na hora
exata!
Como estava em cima da hora, resolvi cortar caminho para chegar a tempo na escola do Jr., que começa a aula mais cedo. De repente, ao virar a esquina, quem vejo? Meu amigo! Ah, meu amigo como é bom ver você! Quanto tempo! Este encontro, para mim, significa que estou na hora! Uma onda de contentamento e tranquilidade me invade e começo a observar as ruas, as casas, as árvores e tudo isso me eleva, me faz sentir leve e todo o estresse do trânsito se evapora como passe de mágica.
As lembranças voltam em minha
mente e percebo como as pequenas coisas que acontecem no nosso dia a dia ficam adormecidas
dentro da gente e quando despertam, tanto
podem enaltecer como derrubar , isto, é claro, dependendo de como estamos nos sentindo naquele
exato momento.
Certamente, você leitor, deve estar curioso em saber quem é o meu
amigo? Pois é, eu também! Diga-se de passagem, até hoje não sei quem é !!! A
verdade é que tudo aconteceu quando ainda trabalhava e para fugir do trânsito
pesado, costumava fazer este mesmo trajeto, que na época era o mais curto.
Acreditem ou não, todo o santo
dia, na mesma hora, na mesma esquina, lá estava ele para me tranquillizar com
sua simples presença, fazendo-me acreditar, apesar do seu silêncio, que eu não estava atrasada, apenas estava na
hora certa e isto, é claro, para mim era
confortante e fazia com que me sentisse menos culpada.
Todos os dias era a mesma
coisa, bom dia meu amigo, tudo bem com voce? Estou feliz por ver-te. Por favor
não corra, não mate e não morra! Te vejo amanhã à mesma hora!
Algumas vezes cruzávamos um
pouco antes ou depois da famosa esquina, e qual dos dois estava atrasado,
realmente, não saberia dizer, o fato é de que meu amigo com sua simples
presença fazia parte da correria do meu dia a dia.
Passávamos correndo e acredito
que tanto ele quanto eu, sempre estávamos tão apressados que somente identificávamos
o carro e seguíamos nosso caminho felizes porque tínhamos nos encontrado e,
isto significava que não estávamos atrasados.
Confesso que um dia tive
curiosidade em saber quem era, afinal, nunca buzinava, nunca acenava, nunca abria
a janela para soltar uma gracinha, simplesmente me cumprimentava com gesto de
cabeça e parecia querer sorrir, mas não o fazia!
E, eu, na correria em que vivia,
logo esquecia. Por outro lado, para quê, afinal, tudo o que eu queria era
cruzar com ele naquela mesma esquina, sem questionamentos, sem bla, bla, apenas
sorrir para mim mesma, agradecer e cumprimentá-lo mentalmente, dizendo: Vejo
você amanhã, meu amigo! Mas, por favor, Não Corra, Não Mate e Não Morra!
Amigo: Não Corra, Não Mate e
Não Morra!
Texto enviado por : Iria Maria Assis
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