Quando a mamãe, com pressa, se esqueceu do ritual do
Papai Noel. Aproveitou que era véspera de Natal, que o papai recebera algum
dinheiro extra e me levou até um bazarzinho ao lado do antigo mercado de Mogi.
O dono da loja nos atendeu e mostrou as últimas novidades em brinquedos. Um
velocípede azul e vermelho faiscava na vitrine. Era o que eu pediria ao Papai
Noel. Mas nem precisei. Mamãe pagou e já levou. E enquanto íamos pra casa, já
anoitecendo, ela foi me avisando que o brinquedo ia ser dado depois. Pelo Papai
Noel. Me levou pra dormir na casa da minha vó (naquele tempo, bem pertinho da
minha casa).
Mas pelas tantas da noite vi minha mãe chegando ao
quarto da minha avó, onde eu estava deitado, para colocar o velocípede ao lado
da cama.
No dia seguinte eu já poderia brincar com o meu
presente, trazido pelo “Papai Noel”.
Só que naquela noite, por falta da continuação do
ritual, “caiu a ficha”. Eu descobrira que o Papai Noel nem sempre vinha
pessoalmente. Usava mães, pais, avós, para fazer chegar até nós os brinquedos
desejados.
Provavelmente estava por trás até mesmo de quem fizera chegar o
dinheirinho extra para o papai.
Os anos seguintes continuaram me mostrando Papais Noéis
com várias caras. Uma vez era minha madrinha trazendo da fábrica onde ela
trabalhava, um caminhãozinho de lata e uma espingardinha de rolha. Outra vez
era minha tia-avó Conceição mandando castanhas e frutas exóticas para a noite
de Natal, ou minha avó ou as primas dela me presenteando com o meu objeto de
sonho: os grandes “almanaques do Globo Juvenil”, de capa dura, envelopados e
transbordando de maravilhosas histórias em quadrinhos.
Os tempos passaram, a infância foi para o lugarzinho
especial onde todos a guardamos, mas o velho Papai Noel continuou comparecendo.
Através dos primeiros mimos natalinos de uma namorada,
dos colegas do escritório, dos amigos secretos…
Sempre o bom velhinho fazendo de conta que não é ele… Mas
nos fazendo chegar lembrancinhas gostosas, simples ou sofisticadas, com gosto
de Natal.
Até que houve um certo dia (ou certa noite,
provavelmente), quando minhas filhinhas já tinham chegado, em que tive a
revelação.
Estivera enganado a vida inteira.
Está certo que todos tinham me enganado com a melhor
das intenções. Mas como é que eu não me dera conta disso?
Foi quando me peguei ajeitando, sorrateiro, os
presentes das minhas filhas sob a árvore de Natal.
E de novo “caiu a ficha”.
Papai Noel era eu… também.
Sabe de uma coisa? Apesar da Mônica
sempre ser daquele jeitinho dela, ela tem um coração doce... e é uma boa menina...
Não acredita? Então assista o vídeo que escolhemos como mensagem de Natal para
todos vocês — O papai noel que existe
dentro de você! — onde Mônica nos ensina que Dar é melhor do que receber.
Esperamos que gostem! A música é muito linda! Vale a pena ver e cantar junto.
FELIZ NATAL! SONHEM, REALIZEM E SUPEREM-SE EM 2016!
Tags:
Natal, Papai Noel, Mauricio de Sousa, almanaques do Globo Juvenil, árvore de Natal.
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