Em um reino distante, havia um jardineiro que amava seu ofício. Um dia ele pediu permissão ao rei para plantar o jardim mais bonito que já havia existido na Terra. Levaria um tempo, mas o resultado valeria a pena. Era muito cuidadoso e faria um conjunto de plantas para oferecer um espetáculo jamais visto. O rei concordou com entusiasmo.
Com infinita paciência, o jardineiro plantou as sementes uma a uma, escolhendo o melhor lugar para cada uma delas. Dia após dia ele as regou e as alimentou. Sabia que as plantas são seres nobres e que sempre respondem a aqueles que as protegem bem.
Vários meses se passaram e começaram a crescer os primeiros caules, as primeiras folhas. O jardineiro se sentia imensamente feliz em ver todo esse esbanjar de vida. Depois de um tempo, as rosas floresceram. Isso encheu o jardim de cor. Margaridas e cravos também cresceram.
Algum tempo depois, as macieiras começaram a dar frutos e tudo se impregnou com seu aroma. Tudo, exceto uma pequena árvore que não florescia nem dava frutos.
A pequena planta crescia mais devagar que as outras. Ele pensou que poderia demorar um pouco mais para florescer, mas de qualquer maneira o faria. Por isso, ele esperou pacientemente, mas nada aconteceu.
Passou mais de um ano e ela permanecia quase a mesma que no começo. Tinha um caule cada vez mais forte, folhas e galhos, mas não aparecia nenhuma flor, muito menos um fruto.
A roseira, que era muito amigável, quis dar-lhe um conselho. “Olhe diretamente para o sol”, disse ela. “Eu olho diretamente para o sol e veja como eu tenho florescido. Eu acho que você é uma roseira e só precisa de um pouco mais de luz e calor para florescer”.
A planta a ouviu e, desde então, todas as manhãs, olhava
para o sol por um longo tempo. Também tentava se esticar para que seus raios a
alcançassem melhor. Mas nada. Nenhuma flor saía de seus galhos.
Foi então que a macieira interveio. “A rosa não sabe o que diz”, disse ela. “Na verdade, você é como eu, uma macieira. Você só precisa absorver a água mais intensamente. Você verá como em pouco tempo não apenas florescerá, mas também dará alguns frutos doces. Ouça o que eu digo, eu sei do que estou falando”.
A planta, que já era uma pequena árvore, ouviu atentamente a macieira. Pensou que poderia ter razão. Assim, cada vez que a irrigavam, absorvia o máximo de água possível. Fazia um grande esforço, mas não se importava. Tudo o que queria era dar frutos. Mais do que isso, queria saber quem ela era. E ser uma macieira era algo que lhe atraía.
Passou mais um tempo e nada aconteceu. A árvore que não sabia quem era não dava rosas e nem maçãs. Isso a enchia de pesar. Que tipo de árvore ela seria se não fosse capaz de encher aquele jardim de beleza e aroma? Que defeito era aquele que possuía, que era incapaz de ser o que era? No fundo, se sentia inferior a todos. Uma árvore que não produz nada também não serve para nada, disse.
Ela permaneceu submersa em tristeza, até que uma coruja chegou ao jardim, a mais sábia das aves. Ela a viu tão angustiada que pousou em um de seus galhos e tentou iniciar uma conversa. A árvore que não sabia quem era lhe disse as razões de sua tristeza. Então, a coruja pediu permissão para inspecioná-la cuidadosamente. A árvore concordou enquanto todas as plantas assistiam a cena com curiosidade.
Depois de atravessá-la de cima a baixo, a coruja pousou novamente em um dos galhos. “Já sei o que acontece”, disse ela, na expectativa de todos. “Você não é uma roseira, nem uma macieira, nem nada disso. Você é um carvalho e não precisa florescer ou dar frutos como as outras. Seu destino é crescer até o céu e se tornar majestosa. Você será o ninho dos pássaros, o refúgio dos viajantes e o orgulho deste jardim”.
Ao ouvir a coruja todos ficaram surpresos. A árvore que não sabia quem era compreendeu que tinha errado ao querer ser como os outros. A roseira e a macieira ficaram um pouco envergonhadas. Queriam ajudá-la, mas não podiam fazê-lo porque a roseira pensava como uma roseira e a macieira como uma macieira.
Todos aprenderam a lição, e foi assim que aquele se tornou o mais belo jardim da Terra, com o carvalho como parte fundamental.
A parábola da Árvore que não sabia quem era Blog Saltitando com as Palavras
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